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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Medo (filosofia)

As pessoas sentem medo. Isso é inevitável, inescapável, indiscutível. Sentem medo de ir mal na prova, sentem medo de perder o gol na linha, sentem medo de esquecer o nome de um amigo, sentem medo de seus terrores imaginários, sentem medo do escuro, sentem medo de se casar, sentem medo de bater com o carro, sentem medo de morrer. Sentem medo de morrer sozinho. As pessoas sentem medo até mesmo de admitir que estão erradas, de admitir que não são o que dizem ser, entre outras coisas.

Eu passaria a minha vida descrevendo os medos que podemos sentir. E passaria outra vida dizendo para as pessoas que tem medo que combatam seus medos. Não perca meu ponto. Nós devemos SIM combater nossos medos. Mas não estou dizendo que isso é algo fácil, nem algo simples e, às vezes, nem mesmo algo possível. O medo é algo perfeitamente esperável. Perfeitamente aceitável.

Vejo muitas pessoas dizendo: "você deve combater seus medos". "Você deve enfrentá-los, destruí-los, eu tinha meus medos e os superei". Algumas perguntas que caberiam ser feitas: Com base em que você diz que alguém vai superar seus medos só porque você superou? O seu medo é o mesmo tipo de medo daquela pessoa? Mesmo que seja, seria a mesma intensidade? E, acima de tudo, você realmente superou seu medo?

Vencer um medo não é algo fácil. Não é algo banal. É uma tarefa épica. As pessoas hoje colocam como se fosse algo tão simples quanto cruzar a rua, virar a esquina. Um medo é diferente de um receio. Um medo é diferente de um mal pressentimento. Um medo é algo intenso. Um medo é algo que você prefere fugir a ter de encarar, que você sabe que vai te acompanhar boa parte da sua vida (se não ela toda) e que você terá de conviver com ele.

Eu tenho um medo. Acho que os nossos medos nos definem melhor que nossos sonhos e também acho que são pessoais. Não pretendo compartilhá-lo aqui, mas sem sombra de dúvida ele é o tipo de medo que vai me assolar minha vida inteira e, por mais que eu possa esquecê-lo, evitá-lo ou "superá-lo" ele ainda estará lá. Ele não vai me abandonar até o dia que eu morrer e, nesse dia e somente nesse, eu saberei se o venci ou não.

Não quero me estender mais sobre essa problemática. O que eu tenho a dizer é que é normal ter medo. E isso você já sabia. O que você talvez não sabia é que é normal não superar seu medo. Que é normal não salvar a criancinha no prédio em chamas. Que é normal recuar diante de uma decisão muito importante. Nós podemos tentar ser fortes. Nós devemos tentar ser fortes. Mas isso não quer dizer que vamos conseguir. E a falha é uma consequência da chance. É essa falha que o torna humano.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Músicas inesquecíveis (9)

Nesse músicas inesquecíveis, vou mostrar duas versões de uma música muito legal.

Em 1946:



Em 2009:



I've got you under my skin - Cole Porter (cantada por Frank Sinatra no primeiro vídeo e por Michael C. Hall no segundo)

I've got you under my skin.
I've got you deep in the heart of me.
So deep in my heart that you're really a part of me.
I've got you under my skin.
I'd tried so not to give in.
I said to myself: this affair never will go so well.
But why should I try to resist when, baby, I know so well
I've got you under my skin?

I'd sacrifice anything come what might
For the sake of havin' you near
In spite of a warnin' voice that comes in the night
And repeats, repeats in my ear:
Don't you know, little fool, you never can win?
Use your mentality, wake up to reality.
But each time that I do just the thought of you
Makes me stop before I begin
'Cause I've got you under my skin.

I would sacrifice anything come what might
For the sake of havin' you near
In spite of the warning voice that comes in the night
And repeats - how it yells in my ear:
Don't you know, little fool, you never can win?
Why not use your mentality - step up, wake up to reality?
But each time I do just the thought of you
Makes me stop just before I begin
'Cause I've got you under my skin.
Yes, I've got you under my skin.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tlec Tlec Tlec

(conversa de msn)
- Eaew
- ...
- Fala aew mano, como é que você tá?
- ...
- Cara, sou eu, Marcos. Não lembra de mim? A gente se falou há uma semana!
- *o outro participante parece estar offline*

É pessoal, é assim que conversas de msn se dão hoje em dia. Não, não estou falando daquelas pessoas que estão na sua categoria "amigos do peito" que falam contigo sobre as futilidades do dia-a-dia. Estou falando sobre os outros 97% do seu msn, que estão divididos nas mais variadas categorias, desde "inimigos mortais" até "colegas de birita". Se você tentar conversar com eles, é bem possível que aconteça isso aí.

Okay, primeira pergunta: por que diabos você deixa no msn alguém com quem você não quer falar? Se você não suporta ver alguém da velha guarda puxando assunto com você de repente, o mínimo que você deveria fazer era bloquear a pessoa e pronto. Todos viveriam felizes para sempre. Eu diria que somente UMA vez fiquei chateado porque alguém que não falava comigo há muito tempo veio puxar conversa. E isso porque eu estava num dia ruim.

Segunda pergunta: dá muito trabalho conversar com alguém que você já teve contato? Não, é sério, dá tanto trabalho assim? Você deve se esforçar pra falar com a tia da padoca que faz seu café da manhã todo dia. Ou com os caras da academia que puxam assunto sobre futebol. Ou com os vendedores de lojas que querem te empurrar os produtos. O que custa falar com alguém que, em algum momento da sua vida, você já teve contato? Pelo menos UM assunto vocês vão ter em comum. Pelo menos um. Bem melhor do que tá esperando o ônibus na parada há 30 min e comentar "tá quente né?" pra ver se alguém compra sua conversa.

Terceira pergunta: se você é um motherfucker anti-social, POR QUE CRIOU UM MSN? Acho que não tem pra que explicar o raciocínio dessa última pergunta.

Dizem que a internet aproxima pessoas. Bullshit. Se você ficasse mais tempo sem falar com os desconhecidos que você não fala, vocês teriam MUITO mais assunto quando se reencontrassem (óbvio, considerando que vocês eram pelo menos colegas antes). Duvida? Pense assim: sem o contato via internet, o acúmulo de novidades seria maior, e a sensação de "puxa, há quanto tempo não vejo esse cara" também. Você pode até negar, mas no fundo vai admitir que as pessoas com quem você fala mais no msn são aquelas que você vê todos os dias. Não adianta. A internet não aproximou as pessoas distantes, apenas as tornou ignoráveis.

Portanto, se não for um grande sacrifício, faça um esforço para falar com aquele desconhecido que puxou assunto com você. Mesmo que ele não tenha sido o seu amigo de peito no passado. Quem sabe ele não pode vir a ser agora? Grande sacrifício esse hein?

P.S.: Se você já faz isso, parabéns. Continue assim.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ashes (filosofia)

(A partir de hoje, estou de volta a ativa)

Cinzas. Pode parecer dramático, mas é tudo o que sobra no final. Ao ver uma fogueira queimando, nos deparamos com o esplendor do fogo, consumindo tudo a sua volta com fome destruidora. Não dura muito até que, da chama incandescente e acolhedora, restem apenas cinzas.

É o mesmo para tudo mais na vida. Amores, amizades, momentos de alegria, de ternura. Toda chama queima no calor do momento e das relações humanas, mas o tempo não demora até extirpar-lá, e então tudo vira cinzas.

Talvez devessemos nos perguntar por que precisa ser assim. Por que tudo deve acabar um dia? Ainda metaforizando como o fogo, por que a chama deve se apagar? Olhando melhor para o fogo, é fácil ver que ele já foi usado tanto para o bem quanto para o mal. Sua chama é ao mesmo tempo protetora e destruidora, aquecedora e carbonizadora. Tudo depende da medida com que utilizamos, mas, independente da quantidade usada, ela acabará.

Talvez então, seja assim mesmo. Após a incessante busca pelo equilíbrio, tudo aquilo pelo que lutamos e buscamos, acaba. Simplesmente acaba. Não estou me resumindo as relações humanas leitor, espero que você também compreenda a extensão da metáfora: todo o seu legado aqui na terra, acabará. Todos os feitos que você realizou, possivelmente serão esquecidos. O próprio Universo, em um período incomensurável para nossa mente, virará um grande vazio cósmico.

Talvez você seja religioso leitor, e considere nossa vida aqui uma passagem. Nada disso o impede de ver que o que estou falando aqui é verdade. Sua presença, ao menos nesse mundo, terminará.

Então... O que fazemos agora? Simples: terminamos a metáfora. O fogo queima, se extingue, e vem as cinzas. Mas as cinzas não são o fim. Mesmo a mais carbonizada das cinzas, ainda pode conter uma brasa incandescente que, com o local apropriado, recomeçará a queima da chama novamente.

Espero que, nesse ponto leitor, você tenha compreendido o que eu quero dizer. Tudo vira cinzas. Mas as cinzas não são o fim. Elas são o passo necessário para o recomeço. Elas carregam a brasa que irá queimar novamente. Não tem a fênix, a capacidade de renascer das cinzas, só para começar a crescer de novo? Não tem o homem, a certeza que seu legado irá acabar, mas apenas porque outros irão herdá-lo e carregá-los agora como se fosse seu?

Tudo acaba. Mas isso não quer dizer que de fato acabou. Seus filhos irão carregar consigo a brasa da sua vontade, que nas mãos dele poderá se tornar uma nova chama. O universo acabará, mas, até onde se sabe, ele surgiu do nada. O que o impede de fazê-lo de novo? Não há fins meus amigos. Há apenas novos começos.


"We are ashes, and to ashes we shall return, and from ashes we shall reborn"

domingo, 28 de novembro de 2010

Quando não se quer filosofar

Eu tenho estado ausente. Não é crise de identidade, não é crise de existência nem nada. Simplesmente estou sem tempo. Minha vida anda cheia, complicada, como sempre fica no fim de ano. E quando eu penso que devia me dedicar a meu blog eu estou cansado, desinteressado ou mesmo não estou.

Chega um momento na vida de todo mundo que ele questiona suas atitudes. Algo como "será que o que eu faço é certo?", ou "será que é isso que eu quero fazer?". Idem para mim nesse momento. Eu filosofo tão e somente sobre questões variadas e muitas vezes de pouco interesse as pessoas. Eu mesmo canso de filosofar.

Quando olho esse blog, e vejo o quanto já escrevi, sinto-me em parte feliz. Tem muitos posts que eu não gosto, muitos que eu poderia melhorar e muitos mesmo que eu não concordo (ou não concordo mais). Mas sinto que a satisfação de filosofar, de pensar um assunto pela minha perspectiva, está me cansando. O esforço aparentemente não vale a recompensa. Mas é isso o que sempre dizemos.

Como eu disse no meu primeiro post, isso aqui é uma tentativa. Uma tentativa de mostrar o meu jeito de pensar para as pessoas que querem lê-lo. Toda tentativa tem a chance de falhar. O insucesso é consequência da chance.

Apesar disso tudo, eu ainda não desisti. É óbvio que não. Sou persistente demais para desistir de minhas metas. Eu gosto desse blog, e eu gosto do que faço com ele. Então esse post é só pra avisar que está tudo bem, que eu estou ocupado e é por isso que não estou postando. Tudo vai se normalizar em dezembro (lembrando que janeiro é mês de férias do blog, então não postarei nada).

Abraços a todos que leem isso aqui. I'll be back soon.

domingo, 14 de novembro de 2010

Entre mundos (filosofia)

Aconselho a todos aqueles que nunca tentaram essa experiência, tentarem: deitem em suas camas a tarde quando estiverem com sono, mas se esforcem para não ficarem completamente desmaiados. Comecem a pensar sobre alguma coisa. Qualquer coisa. Se, por algum motivo, vocês deviarem do que estavam pensando pra pensar em outra coisa, ótimo. Significa que está funcionando. É possível que, dentro em breve, você comece a "sonhar acordado".

Não quero dizer sonhar acordado no sentido de ficar devaneando sobre a vida enquanto estamos acordados. Mas justamente ficar em um estágio intermediário, meio dormindo, meio acordado. Entre o mundo do sonho e da realidade. Antes que alguém me acuse, não estou postando isso pelo novo filme do Leonardo de Caprio, e tão pouco pela edição do mês passado da Super interessante. Não vi o filme e não comprei a revista. Estou falando isso porque acontece comigo constantemente, e imagino que possa acontecer com outras pessoas (ou então eu tenho um tumor no cérebro, mas prefiro pensar que vai acontecer com vocês também).

Agora que vocês com certeza leram os dois primeiros parágrafos e ignoraram completamente o que eu pedi pra fazer eu gostaria que vocês tentassem não ignorar essa: tentem imaginar como seria controlar o seu sonho. Que legal, eu poderia sair voando! Se foi isso que você pensou sua imaginação é tão fértil quanto a dos produtores de continuações em Holywood (transformers 2 foi um lixo). Você poderia fazer qualquer coisa e iria sair voando? Tsctsc.

Se não foi isso que você pensou e está se perguntando "tá, e daí? É tudo um sonho mesmo". Bom, a diferença de imaginar e de sonhar, é que no sonho as coisas parecem reais. Sem querer entrar no mérito do que é real, apenas pensem que nos sonhos você "sente" objetos, percebe odores, reproduz emoções. Qual a diferença substancial disso para a realidade? Não é para viver no mundo dos sonhos, mas nada o impede de aproveitá-lo.

Sonhando acordado você consegue, até certo ponto, controlar seu sonho. Ou ao menos controlar aquilo com o que você quer sonhar. Você perceberá aquilo como real, sentirá aquilo como real, e viverá aquilo como real. Tem patas de coelho, orelhas de coelho e dentes de coelho. Será que é um coelho?

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

(in)Justo (filosofia)

Em que consiste a justiça? Ignorando definições mais próximas do direito, como "poder judicial", podemos dizer, talvez com um consetimento geral que "justiça" significa igualdade, retidão. Ou, de um outro modo, equivalência. Mas nenhum desses termos parece definir apropriadamente um termo tão banalizado.

"Ele recebeu o que merecia". "Como ele conseguiu isso?". "O mundo não é um lugar justo". Frases comumente citadas, todas se referindo a justiça, ou a algo semelhante. Alguém poderia argumentar que as definições acima se enquadram em tais situações, mas eu discordo. Justiça não é simplesmente igualdade, não é simplesmente equivalência. Justiça é nobreza, não somente equivalência. Talvez pareça a todos que eu incorro a um erro, pois tão difícil quanto definir justiça deve ser definir nobreza, mas definindo "ato nobre" eu me contentaria simplesmente com "a atitude certa a ser tomada quando todas as outras parecem mais fáceis e tentadoras".

Desse modo, ser justo significa fazer o que é certo. É certo matar alguém porque ele matou outra pessoa? É certo justificar um erro comentendo outro equivalente? É certo prender uma pessoa que roubou porque estava passando fome? É certo punir alguém por tentar sobreviver? Questões morais interessantes. A quem cabe a justiça responder. Ser justo não é simplesmente colocar as ações um lado da balança e ver o que pode equilibrar do outro lado. Justiça não é fazer ao outro o que ele fez a alguém. Isso é estupidez. Ser justo é ser capaz de olhar todas as implicâncias da situação e dar a solução mais nobre, mais correta.

O que é então "a solução mais correta"? Aquela que não somente julga alguém pelo que essa pessoa fez, mas o porquê dela ter feito. Aquela solução que busca se ver nos olhos da pessoa, entendê-la, compreendê-la. Não se pode julgar o que não se entende. No entanto, ainda devemos ser capaz de discernir até que ponto devemos fazer isso. Se colocar no lugar de um psicopata iria claramente justificar o seu instinto assassino. Mas uma pessoa doente que pode prejudicar outras não pode ser mantida livre, imune. Cabe a justiça diferenciar as especificidades de cada caso, e concluir o que é certo.

Talvez muitos dos problemas de hoje venham das injustiças que cometemos ao aplicar a justiça como a conhecemos. Se nossas atitudes forem simplesmente atitudes de igualdade para com os atos dos outros, resumimos um ser humano a atos. Esquecemos tanto dos pensamentos quanto do instinto, causa primária de nossos atos. Vamos compreender os outros. Vamos ser nobres. Vamos ser justos.

domingo, 24 de outubro de 2010

Músicas inesquecíveis (8)

Já que está na hora de músicas em português, que assim seja.



Flor de lis - Djavan

Valei-me Deus, é o fim do nosso amor
Perdoa por favor, eu sei que o erro aconteceu
Mas não sei o que fez tudo mudar de vez
Onde foi que eu errei
Eu só sei que amei, que amei, que amei, que amei

Será, talvez, que minha ilusão
Foi dar meu coração com toda força
Pra essa moça me fazer feliz
E o destino não quis
Me ver como raiz de uma flor de lis
E foi assim que eu vi nosso amor na poeira, poeira
Morto na beleza fria de Maria

E o meu jardim da vida ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu

sábado, 23 de outubro de 2010

Sobre vacas e carneiros (filosofia)

O homem tem uma maneira curiosa de adquirir conhecimento. Nós supomos, experimentamos, vemos os resultados e dizemos se era falso ou não. Basicamente as etapas do método científico. De todo modo, a parte que mais interessa é o modo como tudo começa. "Supomos".

O homem vê um fenômeno, um problema, algo que precisa ser explicado. O que ele faz? Inventa. Sim, é literalmente isso: nós inventamos uma explicação. Claro, a explicação costuma ser baseada em conhecimentos prévios (o que levanta uma questão: em que foi baseada a primeira explicação? Mas deixemos essa divagação pra depois). Mas, vamos voltar mais um pouco para que possamos entender meu ponto: como o homem faz isso? Bem, eu diria que ele se questiona.

"Como?" "Por que?" "Quando?" "Onde?" "O quê?". A humanidade tem uma grande variedade de perguntas, mas praticamente todas elas podem ser encaixadas nessas cinco perguntas do começo do parágrafo. Qual o problema com isso? Todos e nenhum. Eu demonstrarei que, com essas perguntas, nós teremos sempre um conhecimento infinito a buscar, mas ainda sim limitado ("infinito e limitado?" você deve se perguntar. Fique calmo, vamos devagar).

O ser humano sempre tem mais o que aprender, simplesmente porque tudo que ele descobre para explicar algo, é passível de questionamento. Quando eu digo "passível de questionamento" não quero dizer "duvidoso", mas quero dizer que pode se usar as 5 perguntas para questionar isso. A partir daí teremos que buscar outra explicação. E assim por diante, ad infinitum. Isto é, temos um conhecimento ilimitado para buscar. Onde está a limitação? Imagino que vocês já tenham percebido, mas para deixar tudo bem claro: nas perguntas.

Nossas perguntas refletem são nosso passo-guia, nossa orientação sobre o que buscar. Consequentemente, perguntas limitadas levam a conhecimento limitado. Ou, mais apropriadamente falando, modo de ver o mesmo conhecimento limitado. Nós podemos analisar tudo da melhor maneira que considerarmos, mas estaremos presos a nossas perguntas. Mesmo o fato de eu falar que somos limitados já era previsto na nossa limitação. E o fato de você estar tentando pensar um modo de provar que estou errado também. E o fato de você pensar que deve haver um modo de pensar além dos nossos limites ainda não te tira deles.

Vou esclarecer tudo com uma analogia. Imagine que você está em uma fazenda. Seu objetivo é contar quantos animais tem lá. Entretanto, todos os animais que você vê são carneiros. E toda vez que você conta um carneiro, você percebe que há mais carneiros pra contar, infinitamente. O que você não sabe, é que também há vacas naquele local. Mas, por algum motivo, você é incapaz de ver as vacas e, portanto, de contá-las. Elas escapam ao seu conhecimento de contagem de animais, que se limita a carneiros. Pergunta: você irá parar de contar carneiros? Resposta: não. Pergunta: você irá ver as vacas? Resposta: não. Esta simples analogia demonstra que temos um conhecimento infinito a abarcar, porém limitado.

Bem, bem, bem. Está tudo ótimo até agora, mas acho que há pelo menos dois problemas no meu raciocínio que merecem ser comentados. Um deles é que estou trabalhando com o infinito, uma quantidade imensurável. O ser humano, por mais que diga que pode, não consegue visualizar o infinito, simplesmente pela nossa visão limitada das coisas. Talvez, e somente talvez, não haja conhecimento infinito, embora eu duvide. O outro, e mais sério na minha opinião, é a explicação que resulta da pergunta: por que fazemos perguntas limitadas? Eu digo: porque somos humanos. Vago não? Pois é. Assumindo que somos um animal como outro qualquer, estamos sujeito à mudança através do tempo. Portanto talvez, e somente talvez (embora eu ache muito difícil), nós possamos passar a enxergar as vacas.

Para ver vacas, deveremos deixar de ser o que somos agora (não, não é uma frase com um sentido de sabedoria maior oculto, é exatamente isso que você leu... Entre na metáfora!). Portanto, pode ser que nosso conhecimento limitado se torne menos limitado. Forçando um pouco a analogia, sempre terão animais que você não enxergará, a menos que você seja onisciente. Mas não fiquem pessimistas. Nós ainda temos infinitos carneiros a serem contados.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

3 em 1 (post integrador)

Estou atrasado com alguma das minhas séries aqui no blog, então esse post será um post integrador, é algo que estou testando e se der certo manterei eventualmente (mais uma coisa pra eu lembrar). As 3 séries que introduzirei aqui são "sugestão de jogo", "Em defesa do RPG - parte 6" e uma "filosofia" é claro.

Apenas para situar meus queridos leitores:
- Em defesa do RPG: uma série que, além de defender o RPG e seus benefícios, ensina pessoas não iniciadas as regras e princípios básicos para jogarem. Fiquei devendo raças e classes, então explicarei nesse post.
- Sugestão de jogo: eu costumo sugerir eventualmente um jogo (ou algo parecido) da internet, mas dessa vez será um jogo de Xobx (que estou jogando) para que possa haver uma contextualização.
- A filosofia se baseará na dinâmica do jogo (que é um RPG) e como ele se conecta com nossas vidas.

Antes de lerem, tenham consciência que por ser um post 3 em 1 vai ficar grande. E com "grande" eu quero dizer "se você já não lê meu texto normal e só vem aqui pelas imagens e microtextos, nem se dê ao esforço".

Pois bem, venho aqui tratar de um jogo de videogame em que me viciei e que promete destruir minhas notas na faculdade. Seu nome é Risen.


Como já está indicado na imagem, é um jogo para Xbox 360, portanto talvez nem todos os leitores possam usurfruir dele, mas nada o impede de ler meu post aqui, o qual eu tentarei dar o mínimo de spoilers possível. Infelizmente, terei que contextualizar alguma coisa para que vocês entendam o post.

O enredo de Risen consisite no seguinte: você é um naufrágo que parou em uma ilha (que não é deserta) e acaba tendo que descobrir uma maneira de sobreviver. Ao entrar em contato com a população local em busca de abrigo e comida, você percebe que há um problema na ilha: ruínas de pedra se soergueram do chão, liberando monstros terríveis e tesouros inimagináveis. Imediatamente seguido a esse acontecimento, a Inquisição, uma instituição religiosa, invadiu a ilha e tomou posse de sua cidade sobre pretexto de protegê-la, mas imagina-se que na verdade ela está a procura dos tesouros que se encontram nesses templos.

Antes da chegada da Inquisição, um grupo de lutadores e caçadores, liderados por um homem chamado Don Esteban comandavam a ilha e a "protegiam". O problema de tais homens é que eles se valiam de métodos escusos para proteger os habitantes da ilha: cobravam propinas (ou "taxas de proteção"), assaltavam os próprios moradores da cidade, se associavam a piratas, etc. Com a chegada da Inquisição, Don Esteban se retirou da cidade e foi morar no pântano, onde ele estaria mais seguro e poderia ele próprio explorar as ruínas ao redor para obter sua riqueza. Enquanto isso, no Monastério (local onde antes os magos estudavam, mas que com a chegada da Inquisição se tornou o centro de treinamento dos recrutas da Ordem - outro nome para a Inquisição) a Inquisição protegia a Chama Sagrada - a fonte do poder mágico dos magos, e estudava as ruínas enquanto pilhava suas riquezas.

Pois bem, você de uma hora pra outra se viu no meio desse cenário, e deve agora decidir qual lado tomar: você gostaria de ingressar no grupo de guerreiros e caçadores com ideais duvidosos de Don Esteban? Ou se envolver com os magos e guerreiros da Ordem, cujas atitudes até agora tem um caráter facilmente questionável?


Acho que, pelo que eu falei até agora, deu pra perceber que não há uma "resposta certa". Ambos os lados tem justificativas para que você se associe a eles, e ambos tem comportamentos repudiáveis pelo nosso senso de moral.

Para vocês perceberem como o jogo é bem estruturado, eis um exemplo das razões:

Homens de Don Esteban:
- Eles alegam que a Inquisição mente ao "fingir" que protege o povo, quando seu único objetivo é extratir riqueza das ruínas.
- Eles alegam que a Inquisição "prendeu" os habitantes na cidade (isso de fato aconteceu, ninguém pode entrar ou sair na cidade, mas você vai descobrir um jeito) não com o propósito de protegê-lo dos monstros, mas de impedi-los de explorarem as ruínas.
- Eles alegam que os mercadores da cidade estão levando o povo a miséria, pois estes exigem preços absurdos por seus produtos, inacessíveis a grande parte da população que não vê escolha a não ser vender seus próprios bens para comprar comida.
- Eles alegam serem os "donos por direito" da ilha, pois seus caçadores eram responsáveis pela obtenção de comida, e os lutadores pela proteção. Desse modo todos viviam em paz.

Os guerreiros da Ordem:
- Eles alegam que os homens de Esteban perturbam a organização da cidade com suas atitudes mesquinhas: assaltos, extorsões, etc.
- Eles alegam que a cidade agora está melhor com eles, pois os cidadãos sentem-se verdadeiramente seguros e não tem que pagar nenhuma espécie de "taxa" por isso.
- Aqueles que quiserem ainda podem se voluntariar para a Ordem da Chama Sagrada (o nome completo) como recruta (aprendiz de guerreiro) ou noviço (aprendiz de mago) para contribuir com as ações da Ordem.
- Eles alegam que seu último e único objetivo é, de fato, proteger os cidadãos, pois eles não estão cientes dos perigos que estão por vir. Segundo eles, o erguimento das ruínas é só o começo. Eles são os únicos capazes de impedir males piores, e seus magos estudam como fazê-lo.

Bom, mais motivos e coisas do gênero vocês podem ver no próprio jogo, mas meu objetivo aqui, agora, é mostrar como esse jogo inteligentemente bem programado reflete uma realidade das nossas vidas: escolhemos um grupo pra viver.


Inevitavelmente em nossas vidas, terminamos nos situando em grupos. Às vezes por questões de afinidade, às vezes por circunstâncias, às vezes mesmo por interesses próprios. Escolher um grupo para se manter faz parte da vida em sociedade. Quando se tem um grupo, você já não se torna um indíviduo não-identificável (salvo raras exceções), e sim um membro do grupo X ou do grupo Y. Na escola a separação de grupos sempre mantém alguns estereótipos os quais você pode identificar: o grupo dos populares, o grupo dos bagunceiros, o grupos dos nerds (costumava fazer parte desse, hoje sou do grupo dos "filósofos"), o grupo das minas gatas (esse grupo é sempre uma maravilha), etc. Até mesmo o grupo dos excluídos ainda é um grupo.

Por um lado isso é bom, pois viver em grupo trás consigo suas vantagens. Tais como: confiencialidade (quando você pertence a um grupo desde certo tempo, é de se esperar que exista confiança entre seus integrantes, o que permite a confidencialidade), apoio mútuo (você costuma receber mais suporte das pessoas que já são íntimas de você), praticidade (você não precisa sair de uma "zona de conforto" como costuma fazer quando tenta puxar assunto com alguém que não conhece), compreensão (devido ao contato, as pessoas do grupo já sabem como você é e costumam ser mais tolerantes e razoáveis em relações a atitudes suas que muitas pessoas poderiam desaprovar), etc.

Por outro lado, perde-se algumas coisas ao viver em grupo. Tais como: filantropismo (você se torna o grande "camarada" do pessoal a não pertencer a nenhum grupo, fala com todo mundo, trata todo mundo bem e todos gostam de você - supondo que você não seja um pé-no-saco), opcionalidade (você dificilmente ficará sem ter o que fazer, pois ao conhecer muitas pessoas pode optar por fazer algo com algumas certo dia, e outra coisa com outras outro dia), cosmopolita (você acaba visitando muito mais lugares, conhecendo muito mais gente, e experenciando muito mais coisas do que se vivesse somente com seu grupo específico de amigos), etc.

É difícil por na balança e dizer qual o melhor. Mais por algum motivo a balança sempre pende para formar os grupos. Possivelmente porque as pessoas uma hora se cansam de manter sempre as relações superficiais (o que é muito provável de acontecer quando se conhece muita gente) e acabam se centrando em um grupo de pessoas, pelos motivos que já citei. De certo modo isso facilita nossa vida, embora possamo correr o risco de ser estereotipados como eu já disse. Você não é mais você, você é o estereótipo do seu grupo. Tal efeito acarreta problemas de socialização com outros grupos, pois muitas vezes você é tratado como aquilo que não é, mas como aquilos que as pessoas pensam que você seja.

Entretanto, nem sempre é assim tão fácil. A vida não se resume a escolher Don Esteban ou a Ordem. Você terá que se experimentar, se esforçar, ser compreensivo, até que seja aceito em um certo grupo, ou até que consiga formar um certo grupo (já tratei disso em outros posts). Por mais que alguns possam não asmitir, é confortável viver em grupos. E é o que sempre acontece.


Então vocês se perguntam: será que no RPG existem grupos também? E a resposta, não menos surpreendente é: sim. Não só grupos formados por interesses sociais ou culturais, como em Risen, mas grupos já definidos pelo próprio jogo, em que você se enquadra uma vez e dificilmente poderá mudar (a menos que comece um novo jogo). Tais grupos em RPG são mais diretos, e são chamados de classes. Uma classe clássica do RPG é o guerreiro, e outra é o mago. Ambos estão presentes em Risen, mas com a diferença de que, ao trabalhar para Don Esteban, você se torna um lutador ou um caçador, que são classes do arquétipo combatente (mas não acho interessante entrar em arquétipos agora, por isso só os mencionarei) e ao participar da ordem você se torna um mago (arquétipo conjurador) ou um guerreiro (arquétipo combatente também).

Ainda não sei se é possível mudar de classe ao longo do jogo, mas no RPG de tabuleiro você dificilmente terá essa opção. Uma vez mago, sempre mago, uma vez guerreiro, sempre guerreiro. Pode parecer limitante, mas é simplesmente uma consequência do fenômeno da especificidade: você estuda e se forma em algo específico, para seguir carreira nisso posteriormente. É mais ou menos assim no RPG. Só que sua classe não costuma ser só seu emprego, mas seu grupo (o que acontece muitas vezes na vida real). Magos em RPG costumam viver de fato em templos isolados, ou em grandes academias, como se fossem os acadêmicos de hoje. Eles tomam as lições arcanas para aperfeiçoarem-se na magia, não só seu instrumento de trabalho, mas sua vida. Guerreiros já utilizam mais de suas capacidades físicas e intuitivas, e podem participar de lutas corpo-a-corpo (como gladiadores e bárbaros), ou podem ser mais sutis, e se valer da distância (como arqueiros e besteiros).

O conceito de raça em RPG é quase o mesmo que se pode traçar no mundo real. Corretamente falando (no mundo real), raças são subespécies. Isto é, são grupos menores dentro da espécie, que apresentam variabilidade e características suficientemente diferentes entre si para serem assim caracterizados (imagine os cachorros - poodle, pequinês, pug, chowchow, dobermann & cia ilimitada). Mas no RPG, raça é usado como espécie mesmo. Ou seja, existem os humanos, os elfos, os anões, os halflings, os goblins, os orcs, etc. Até onde eu vi, Risen só conta com humanos e orcs. É importante lembrar também que, RPGísticamente falando uma "raça" só pode ser assim considerada se o ser que se está enquadrando é consciente. Seres sencientes não são raças em RPG, são monstros ou animais (salvo exceções, como dragões - que poderiam até ser considerados uma raça).

No RPG também existe, digamos, os "vira-latas" do mundo dos cachorros. Mestiçagens entre algumas raças não são só viáveis como também consideradas novas raças: meio-orc, meio-elfo, etc. Ao jogar RPG, uma das primeiras coisas que terá de escolher é sua raça, pois cada uma apresenta vantagens e desvantagens e bônus específicos nos atributos (explicarei no meu próximo post o que são os atributos). Ou seja, primeiro você define o que você é, para definir quem você vai querer ser (ao escolher sua classe).

Então não confundam: raças são espécies auto-conscientes (no RPG) e classes são grupos, ou "profissões" por assim dizer que você poderá escolher uma para trilhar. Afinal, como no mundo real, o RPG também conta com seus grupos. Decida de qual você quer fazer parte, e divirta-se jogando!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Onisciente (filosofia)

Apesar de pensar que tal ativididade é incrivelmente insensata, é impossível recusar-me a disposar dela sempre que me sinto atraído. Imagine-se onisciente.

Você sabe tudo. Absolutamente.

Você sabe o que vai acontecer, o que está acontecendo e o que pode acontecer. Se são adeptos do livre arbítrio como eu, você sabe todas as possibilidades de ocorrência de todos os eventos.

Você é capaz de alterar o futuro a seu bel-prazer, pois sabe as ações certas a empenhar. Mas você sabe mais do que isso. Você sabe o sentido da vida. Sabe o que é o universo. Sabe até o que falar pra pegar aquela gostosa na festa que jamais olharia pra sua cara (e sabe como ela vai ser na cama, se "ela" realmente é "ela" e outras coisas mais...).

Você pode não ser onipotente, mas sabe como se tornar (ou ao menos sabe se é possível ou não se tornar).

Você é possuidor de características paradoxais: você sabe como é não ser onisciente, como é que se sente um ser não onisciente e saberia como se tornar não-onisciente (mais uma vez: se isso fosse possível).

Você é, nas palavras de Raul Seixas que eu invoco mais uma vez: a luz das estrelas, a cor do luar, as coisas da vida, o medo de amar. Você foi, você é, você será.

Resumindo: que saco ser onisciente. Imagino que um ser onisciente não precisaria mais se manter na nossa condição humana. *bocejo*. Muito pouco desafiador.

Ovo ou a galinha?

Afirmar que um dia conheceremos tudo é tolice. Afirmar que não sabemos nada é igualmente tolice. "O que sabemos é o que podemos medir", máxima popularizada por muitos físicos hoje. Eu diria que o que realmente importa não é o que sabemos, mas sim o que queremos saber.

O homem é ambicioso, e embora a ambição não seja o ponto desse post, é impossível não mencioná-la. Na nossa ambição, queremos entender tudo a nossa volta, queremos saber de onde viemos, para onde vamos, o que somos nós. Embora essa pareça uma ladainha repetitiva há muito utilizada, eu não podia deixar de mencioná-la antes de introduzir o assunto desse post. Tais questões acima, jamais serão respondidas, ao menos de forma satisfatória. Não, não é incompetência dos cientistas que se esforçam dia-a-dia para desvendar os mistérios do universo e, de tabela, da nossa origem. Simplesmente as perguntas jamais cessarão.

Até onde pude acompanhar sobre a origem do universo, supõe-se que ele se originiou de uma inflação superluminal (acima da velocidade da luz) do espaço e, devido a uma assimetria que não me recordo ao certo, o tempo começou a rodar após o surgimento da matéria. Não sou a melhor pessoa para tratar sobre o assunto, mas posso dizer que, aparentemente, o big bang não foi o começo. Na verdade o que se sabe antes dele são especulações, mas especulações que fazem sentido (ou seja, explicam o mundo em que vivemos).

Parece loucura talvez falar isso acima, mas também o era dizer que a Terra era redonda há alguns séculos atrás. Que ela não era o centro do universo então... Mas de todo modo, tais explicações não vão nos saciar. Não que faça algum sentido perguntar "o que havia antes do espaço e do tempo?" Se não havia tempo, não havia antes. Se não havia espaço, não havia o que haver. Por acaso isso satisfaz alguém? Certamente que não. Continuaremos elaborando perguntas: como é possível não haver espaço? Será possível construir uma região de "não espaço"? O tempo é capaz de ser interrompido? Se uma época não houve tempo e espaço, o que fez com que eles surgissem? E esse efeito que os fez surgirem, o que o fez surgir? Se não havi tempo, como algo pode "surgir"? De certa forma perguntas intrigantes.

O que eu quero trazer aqui não é um pensamento negativo sobre o conhecimento supremo, que eu acredito nunca será alcançado. O fato de nunca ser alcançado é bom, pois nos instiga a continuar sempre procurando, sempre investigando, sempre querendo saber mais. É difícil abstrair algo como a ausência de tempo e de espaço. Estamos tão conectados a esses conceitos, tão imersos neles, que o simples pensamento sobre isso é difícil, vem um vazio na mente (o que ainda seria errado, pois "vazio" ainda implica espaço - só pode ser chamado de vazio aquilo que pode ser preenchido - e nem isso havia). Mas vamos deixar isso nos desencorajar? Jamais! O intelecto humano é capaz de progredir mesmo que a lógica não se torne tão direta (e ainda farei comentários sobre intelecto e lógicas não diretas em outros posts futuros).

Ao pensarmos na questão clássica sobre "o ovo ou a galinha", sobre quem veio primeiro, voltamos a questão de origem, que está relacionada diretamente com a questão de futuro (precisamos olhar para trás para compreendermos o que vem pela frente). E é isso que fazemos todos os dias, e é isso que alguns cientistas fazem em escala colossal. Vamos parar? Não. Vamos chegar a uma resposta final? Improvável. O que fazer então? Continuar procurando.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Auto-limitante (filosofia)

É engraçado como costumamos nós mesmos nos auto-limitar. E fazemos isso não por intenção, mas por pressão, ou por descuido.

Como nos auto-limitamos? Essa é uma questão divertida, porque a nossa limitação decorre de nossa própria reflexão temerosa sobre aquilo que estamos fazendo. Como assim? É simples. Imagine que você tem que se apresentar para o um público extenso. Naquele momento você está seguro, confiante, sabe o que vai falar e como vai falar. Entretanto, nesse momento de extrema paz interior, lhe ocorre um pensamento demoníaco: "e se eu ficar nervoso?". Pronto. Tudo foi pelos ares.

Se nós não perguntássemos "e se" nessas situações, não incapacitariamos a nós mesmos naquilo que estamos fazendo. Ainda não se convenceu? Então que tal um exemplo ainda mais comum: você está estudando, incrivelmente concentrado e interessado no assunto, até que você pensa: "e se eu não conseguir me concentrar?". Mais uma vez, seu pensamento se volta contra você, e até os veios da madeira da mesa que você estuda passam a se tornar mais interessantes do que o que você estava lendo.

Contra tal limitação, há poucos remédios que eu saiba. Um deles é a indiferença. Ignorando o que você pensou você é plenamente capaz de continuar sem se limitar. Outro é tentar se esquecer. Esse é bem difícil e, particularmente, se torna eficiente quando você turbilhona um monte de ideias ao mesmo tempo para ver se tal pensamento se afunda no limbo da sua mente. Acima de todas essas técnica está o auto-controle, o arqui-inimigo da auto-limitação (acho que os hífens estão de acordo com a nova reforma). Se você for capaz de sobrepujar tal pensamento, você é capaz de impedir sua própria limitação.

Como adquirir o auto-controle? Bem, imagino que confiança seja a chave, assim como força de vontade. Mas eu particularmente penso que há um terceiro fator: o quanto alguma atividade lhe agrada. Se você adora ler livros do... Harry Potter... Mesmo que você pense "e se eu me desconcentrar?" você possivelmente se manterá concentrado devido ao grande prazer que tal atividade confere a você.

Bom, isso é tudo, mas será que vocês se perguntaram se eu me perguntei "e se esse post não ficar legal?". Bom, saciando a curiosidade de vocês: sim, eu me perguntei.

sábado, 2 de outubro de 2010

Teoria da conspiração

"O homem nunca pisou na lua". "Extraterrestres já existem entre nós desde os tempos antigos, na verdade nossa cultura evoluiu graças a eles". "Existe um Evangelho escrito por Jesus, mantido em segredo pela Igreja Católica desde a época dos templários". "Ponce de Leon de fato encontrou a fonte da juventude, e hoje ele ainda vive entre nós". "O triângulo da bermudas é uma das bases de operações dos alienígenas na Terra". "O atentado de 11 de setembro não só era do conhecimento do Governo dos EUA, como foi planejado por ele". "O mesmo Governo dos EUA está preparando abrigos nucleares com toneladas de alimentos, porque eles sabem que o mundo acabará de fato em 2012". A verdade está lá fora. E a verdade é que é preciso ser muito estúpido pra acreditar em alguma coisa dessas.

Como surge uma teoria da conspiração? Ou melhor, por que surge uma teoria da conspiração? Eu diria que há três razões.

A primeira seria a necessidade humana de mitificar as coisas. Em um mundo cada vez mais cético, em que o espaço para mistificações e acontecimentos inexplicáveis vem sendo comprimido ao ponto de não sobrar nada, as pessoas mais inventivas constroem cenários hipotéticos em que tudo isso ainda faz sentido, em que o "inexplicável" ainda existe e não perdeu o seu charme.

A segunda seria simplesmente ignorância. Com o avanço das ciências e a falta de tato da maioria dos cientistas para lhe dar com o público leigo (isso é um fato) e ainda a despreocupação dos mesmos em ver como sua ciência acaba sendo deturpada pelos meios de comunicação e divulgação científica, os mais mal-informados ou charlatões valem-se da ciência como ferramenta prática para construir suas teorias. "O governo dos EUA trabalha na construção de seres humanos geneticamente modificados, mais resistentes, mais fortes, etc.". É realmente muito X-men. A manipulação genética, a nível humano, ainda é uma realidade consideravelmente distante e, mesmo quando possível, é improbabilíssimo que seja não só permitida, como também funcional. Simplesmente não há genes "bons" ou "ruins". De fato existem mutações que vem a causar problemas, mas não existe o "gene da superforça" o "gene do não envelhecimento" o "gene da resistência ao frio e ao calor".

A terceira e talvez mais paradoxal razão é a vontade humana de saber a verdade. Muitos podem dizer que não gostam de ouvir sobre a vida dos outros, não é da conta deles, etc. Mas, salvo raras exceções, a maiorias das pessoas sentem um "gostinho de vitória" quando fica sabendo um segredo que poucas pessoas sabem. Uma "verdade" que ela compartilha com algumas poucas pessoas. Pois bem, eleve essa necessidade a escala global e temos teorias de conspiração, cujo um dos intentos é fazer com que as pessoas que acreditem nela sintam-se "superiores" ou "satisfeitas", pois elas conseguem ver a "verdade" tão óbvia que muitos ignoram. Tais pessoas sentem a necessidade de acreditar que HÁ algo por baixo dos panos, e que só elas conseguiram destrinchar o que era, mas é tão inacreditável que poucos a apoiam. Bom, poucos apoiam não por ser inacreditável, mas por ser estupidez.

Agora sim vejo que seria apropriado se perguntar como surgem teoria das conspirações. Para que o post não fique muito extenso vou tentar ser sucinto nessa parte. Basta misturar alguns elementos: uma verdade que "abalaria o mundo se revelada", a "ciência avançada" que poucos tem conhecimento da existência costuma ser utilizada, elites mundiais (escolha um: maçons, illuminati, o Vaticano, o Governo dos EUA, os templários, os ocultistas etc.) que detem tal verdade e a utilizam para seus fins escusos e, como cereja do bolo, a incerteza sobre os detalhes específicos de qualquer coisa, a única certeza é que existe. Pronto, eis que nasce uma teoria da conspiração. Quanto mais grandiosa uma teoria da conspiração, mais trouxas... quer dizer adeptos ela consegue arrebanhar. Ninguém quer saber sobre "os pães mofados que são vendidos como fresquinhos na padaria do Seu Joaquim". Portanto, outra característica marcante de teorias da conspiração é que elas costumam ser globais, ou mesmo universais (quando envolvem nossos amigos extraterrestres).

Enfim, isso nos faz pensar como, ao mesmo tempo que parecemos avançar a passos largos cientificamente e tecnologicamente, as pessoas se tornam mais suscetíveis ao poder desinformativo que ronda pelo mundo. Tornam-se suscetíveis as suas necessidades de mistificar, de "conspiracionar" as coisas. Para combater tal mal, só há um remédio: o poder da boa informação e do ceticismo. Não estou me referindo ao ceticismo extremo, mas a não ser tão crédulo a ponto de acreditar em histórias absurdas, mesmo que bem contadas. Mas para ser completamente sincero, eu acredito que possa haver uma teoria da conspiração no mundo: a teoria da conspiração que quer fazer com que as pessoas acreditem em teorias da conspiração.

domingo, 26 de setembro de 2010

100

Atingindo cem postagens!

Muitos posts de filosofias, pensamentos, imagens, piadas, entre outras coisas... Como eu disse que faria lá no começo do blog. Ainda não completei um ano de blog, mas a centésima postagem também deve ser comemorada, pois não são todos os blogs que ninguém lê que conseguem chegar tão longe!

Pra comemorar data tão importante, quero mostrar aos meus poucos leitores quão importante é meu blog! Se você digitar "filosofias do ricardo" no Google, advinha quem vai estar em primeiro lugar?



Bom, acho que a imagem ficou pequena, mas é o nosso querido e amado blog "Filosofias do Ricardo"! Pode parecer brincadeira, mas até pouco atrás digitando essa sequência de palavras meu blog aparecia em sétimo, creio. Ou seja, assumimos a pole position! (A busca pelas palavras "filosofias" e "Ricardo" isoladas não mostraram resultado pelo menos até a quinta página, que foi até onde tive saco de olhar, mas esse quadro ainda pode mudar).

Aparentemente digitar "rickmaiafilosofa" tudo junto resulta numa expressividade ainda maior, com meu blog aparecendo nas 5 primeiras buscas. De todo modo, quero mostrar com isso que agradeço a todos os que visitam meu blog e, com isso, o fazem galgar posições na longa lista de concorrência da internet, para que eu possa ficar famoso e conquistar o mundo! Opa... Quer dizer... Para que eu possa transmitir minhas ideias a mais pessoas, e fazer com que elas sejam discutidas, refutadas, deliberadas, etc. Qualquer tipo de coisa que gere uma perspectiva dessas. Meu pensamento é: tudo que eu posto não só pode ser questionado, tudo que eu posto DEVE ser questionado. Então todos aqueles que quiserem debater ou mesmo complementar meus pensamento, sintam-se a vontade (nos comentários).

Enfim, é só isso nesse post comemorativo! Espero que eu atinja um dia a marca de 1000 postagens e que, quando esse dia chegar, meu blog ainda continue gerando as mesmas reflexões que eu imagino que ele gere agora.

Abraços e obrigado a todos!

Óbvio

É engraçado quando alguém fala "isso é óbvio". Como será que essa pessoa chegou a tal conclusão? Ou melhor, o que seria o óbvio para tal pessoa, pra que ela possa falar isso? O que é o óbvio?

Acho que, acima de tudo, o óbvio é algo que possamos prever ou deduzir por um raciocínio lógico, simples, eficiente. Entretanto, deve ser de fato um raciocínio extremamente simples, pois nem todos são capazes de perceber detalhes como alguns (talvez por isso digam que "o óbvio para uns não é o óbvio para outros"). Mas, quão simples? Aqui acabamos nos deparando com um problema de delineamento.

Eu posso dizer ser óbvio que alguém apontando uma arma pra cabeça de outra pessoa de maneira agressiva tenha intenções assassinas. Porém, seria de fato óbvio se eu somente visse duas pessoas discutindo imaginar que uma teria intenções assassinas? Talvez algum especialista em linguagem corporal conseguisse perceber, e isso seria óbvio para ele, mas não para nós.

Quando o céu está carregado de nuvens, pensamos de imediato "vai chover". Entretanto há aqueles que veem o céu limpo, claro, e dizem "vai chover". E de fato chove. Aqui podemos ver que o óbvio está relacionado a experiência pessoal, enquanto no exemplo acima a estudo e conhecimento (ou vice-versa). Isto é, perceber o "óbvio" nem sempre é tão óbvio.

Outra tipo de óbvio extremamente divertido é aquele em que alguém, mediante algum raciocínio lógico conclui algo e, devido a fatores como simplicidade ou importância, tal conclusão chega ao conhecimento de todos, que passam a julgar tal raciocínio como "óbvio". Por exemplo, é óbvio que as coisas caem para baixo por causa da gravidade, e é ainda mais óbvio que isso se deve a massa descomunal da terra em relação ao corpos que nela se encontram. Será mesmo? Antes de que isso tenha sido proposto, ninguém havia imaginado. Isto é, o "óbvio" não era "óbvio".

Imagino que enquanto alguém não for capaz de dizer qual é o raciocínio mínimo necessário para que algo possa ser considerado óbvio, ou ao menos que seja capaz de contextualizar a obviedade (por exemplo, para um grupo de bioquímicos a via glicolítica deve ser algo óbvio, mas isso é um caso de óbvio contextualizado), é no mínimo arriscado dizer que "tal situação é óbvia".

Agora uma pergunta a vocês: será que isso tudo que eu falei acima, já era óbvio?

Raiden


Sempre prestativo.

Tarde da noite

Na verdade o nome do tópico é só pelo horário mesmo. Acho que, se eu tiver algum leitor assíduo, ele deve estar revoltado porque eu não posto há dias. Isso se chama vida pessoal, que todos tem. Mentira, no meu caso isso se chama "faculdade destruindo o pouco que resta de mim". Na verdade isso é parte faculdade, parte minha preguiça, parte minha vontade em fazer outras coisas.

Eu tenho centenas de ideias de post. Sério mesmo. Vai ter um chamado "o ovo ou a galinha?", um falando sobre fama, outro sobre o "óbvio" (que tá encalhado na minha pasta de rascunhos), mas eu não vou postar nenhum deles agora. Por que? porque eu não estou em condições pra isso (pode não parecer, mas eu penso antes de escrever aqui, quer dizer, nesse momento eu não estou pensando muito, mas não importa). Tem várias sessões no meu blog que eu tenho que manter: "sugestão de jogo", "em defesa do RPG", "frase marcante", "tlec tlec tlec" (com só uma edição até agora), etc. São tantas que nem o animal do dono do blog consegue se lembrar.

Só estou falando isso aqui pra dar sinal de vida, eu não sei se vocês já perceberam, mas eu tento manter uma média de ao menos 10~12 postagens a cada mês, não sei se esse mês vai dar. Se não der tudo bem, ninguém lê o blog mesmo. E bem, já que estou meio que desabafando aqui eu vou falar mais um pouco sobre mim, é a essa hora da noite que eu já não estou no meu juízo perfeito e começo a divulgar informações comprometedoras (haha, claro que não ¬¬). Bom, eu tenho pouco a dizer sobre minha vida: meu dedo indicador tá me matando de tanto fazer pestana no violão (to aprendendo a tocar, então ainda sou aquele cara que canta mal e toca mal, mas acha que tá arrasando), realmente tá doendo pra caramba (tenho uma política de evitar palavrões nesses posts, então vocês jamais saberão a extensão da porra dessa dor), e eu to digitando sem usá-lo.

Hmmm, estou tendo que estudar pra caramba pra faculdade. São só meus amigos que leem este blog, mas fingindo que alguém mais leia eu vou dizer que faço biologia na USP como se fosse uma grande novidade pro leitor. O motivo pelo qual eu me mudei pra São Paulo por acaso. Não pretendo falar da cidade nesse post, então basta vocês saberem que eu to tendo que estudar pra caramba, e obviamente não estou sendo tão bem-sucedido já que estou a essa hora escrevendo no meu blog. O que mais... Ah, estou lendo fullmetal alchemist (não pela net, estou comprando em sebos e bancas e talz, sou contra a pirataria sempre que possível). Bem, é maneiro, acredito que muita gente não conhece, mas tem uns papos altamente filosóficos, o que interessa a mim, que tento filosofar.

Comprei um livro sobre ornitologia pra ler, pois gosto de pássaros. Vou passar o feriadão em Brasília, visitando meus tios, descobri hoje o vírus do orkut... Engraçado, falar assim no blog me lembra o twitter. Eu realmente estou tentando me adaptar e entender qual o sentido daquele negócio, mas é difícil falar alguma coisa quando tu tem uns 140 caracteres. Não sei se alguém notou, mas já que eu me lembrei agora eu vou falar: eu consegui finalmente colocar tags em todas as minhas postagens. Isso deu um trabalho desgraçado, tinha uns posts que eu nem lembrava o que eu tinha escrito, mas enfim, estão aí e espero que tenham notado.

Acho que é isso. Não vou escrever muito porque todo mundo tem preguiça de ler. Eu tenho preguiça de ler quando o texto não é interessante. Não sei se você achou esse texto interessante, eu acharia interessante se você achasse interessante e me interessando pelo seu interesse eu poderia interessantemente concluir algo interessante. Mas deixa isso pra depois. Boa noite.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Filho do árabe

Um filho árabe manda um e-mail pro seu pai:

Pai,

Berlim é linda, as pessoas são muito boas e eu gosto muito daqui. No entanto, eu me sinto envergonhado ao chegar na universidade com meu Ferrari 599GTB de ouro puro enquanto meu professores e muito dos meus estudantes vão para ela de trem.

Seu filho, Nasser.

A resposta do pai:

Meu querido filho,

Tranferi novecentos milhões de dólares americanos para sua conta. Pare de nos envergonhar. Vá e compre um trem para você também.

Com amor, seu pai.

sábado, 11 de setembro de 2010

Músicas inesquecíveis (7)

A primeira música em português do repertório das "Músicas inesquecíveis". Essa merece.



Lenha - Zeca Baleiro

Eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer
Eu amo você
Mas não sei o quê
Isso quer dizer...

Eu não sei por que
Eu teimo em dizer
Que amo você
Se eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer...

Se eu digo: Pare!
Você não repare
No que possa parecer
Se eu digo: Siga!
O que quer que eu diga
Você não vai entender
Mas se eu digo: Venha!
Você traz a lenha
Pro meu fogo acender
Mas se eu digo: Venha!
Você traz a lenha
Pro meu fogo acender...

Eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer
Eu amo você
Mas não sei o quê
Isso quer dizer...

Eu não sei por que
Eu teimo em dizer
Que amo você
Se eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer...

Se eu digo: Pare!
Você não repare
No que possa parecer
Se eu digo: Siga!
O que quer que eu diga
Você não vai entender
Mas se eu digo: Venha!
Você traz a lenha
Pro meu fogo acender...

Mas se eu digo: Venha!
Você traz a lenha
Pro meu fogo acender...(5x)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Vamos jogar um jogo?

Está meio que de madrugada e eu estou sem sono, então vim até meu blog na intenção de jogar um jogo com vocês. Eu não sei exatamente como vai funcionar, mas espero que saia como o esperado. Um jogo lógico, em que frases vão sendo ditas enquanto tentam formar um enunciado lógico final. Não sei porque estou escrevendo isso, acho que é a falta de sono.

"Tudo que respira é um ser vivo"
"Logo, todo ser vivo precisa respirar"
"Logo, só é vivo aquilo que respira"

Holy shit, e nós classificando bactérias como seres vivos. Afinal, elas não respiram... Espero que meus leitores atentos tenham percebido o erro na minha lógica. Como esse é um jogo eu não vou explicar os erros, vocês postem nos comentários e me mostrem sua sagacidade retórica.

"O universo é infinito"
"Se o universo é inifinito, ele não possue fronteiras"
"Se ele não possue fronteiras o espaço nele contido é ilimitado"
"Se o espaço nele contido é ilimitado tal espaço não pode ser medido"
"Se admitimos que fazemos parte do universo então admitimos que estamos imersos em algo cujo espaço não pode ser medido"
"Se estamos imersos em algo cujo espaço não pode ser medido não há sentido em proclamar 'um metro de distância'"
"Não há sentido em sequer conceber a distância, pois esta ou não existe, ou é infinita"
"Se esta não existisse tudo seria Um, e não é o que acontece, então há de se supor que a distância entre tudo é infinita"

Lascou, vai ser uma caminhada infinita até a padaria amanhã pra comprar um pão. Acho que vou passar do horário do café.

"O mar é molhado"
"Ao entrar no mar, você fica molhado"
"Logo, ao entrar no mar, você vira o mar"
"Logo, o mar é a extensão de tudo aquilo que ele é capaz de alcançar"
"Imaginando que tudo no litoral já tenha entrado em contato com o mar, e isto por sua vez virou o mar que tocou novas coisas mais internas e assim sucessivamente, o mar foi se estendendo até cobrir toda a superfície terrestre"
"Logo o mar cobre toda a superfície terrestre"
"Se o mar cobre toda a superfície terrestre e ele é molhado e ao entrar em contato com ele tudo vira molhado e se tornar o mar, você é o mar e está molhado"

E eu ainda tomo banho todos os dias. Tsctsc.

"Você é um ser humano"
"Eu sou um ser humano"
"Logo, eu e você compartilhamos ao menos uma característica em comum"
"Vamos assumir que para duas coisas serem a mesma coisa elas precisam possuir todas as características em comum"
"Há inifitas características que podem ser consideradas para considerar duas coisas a mesma coisa"
"Se há infinitas características a serem consideradas podemos presumir que ou nada é igual a nada (o que seria assumir que uma coisa não pode ser ela mesma, e portanto é ilógico) ou basta considerar apenas uma característica para dizer que uma coisa é a mesma coisa, como 'uma cadeira é uma cadeira', em que o fator comum é 'cadeira' e já basta para dizer que ela é o que é"
"Eu e você possuímos o fator comum 'ser humano'"
"Logo, eu sou você"

Iháá! Olha que maneiro, você tem um blog na net em que filosofa coisas durante a madrugada.

Uáhh, tá bom, descubram aí, já me diverti por hoje.

sábado, 4 de setembro de 2010

A escalada (filosofia)

Há muitas formas de se subir na vida. Muitas maneiras de escalar tal montanha. Vou resumir tais maneiras em três: circunstâncias, esforço ou meios adicionais.

Subir na vida mediante circunstâncias implica o favorecimento (totalmente ao acaso) de determinados eventos em seu favor, tais como ser ator e encontrar um produtor famoso que admire seu trabalho, ser artista e conseguir um figurão para promover suas pinturas, descobrir acidentalmente uma proteína importante em uma via metabólica, etc. Mas é importante notar que, apesar do favorecimento de circunstâncias, todos os casos acima contam com o esforço daqueles que obtiveram sucesso, mesmo que de maneira não tão absurda. Se você é um bom ator, um bom artista ou um bom cientista tais coisas acontecerão a você. Obviamente, você ainda pode subir através das circunstâncias puramente, como ganhando na mega sena, acertando um palpite na bolsa de valores, ou ganhando o Big Brother (eu me recuso a afirmar que tem que ter talento pra ganhar aquilo).

O esforço seria a maneira mais nobre de subir na vida. Através do suor de seu corpo e do trabalho de sua mente você consegue obter aquilo que deseja. O esforço tem uma regra bem simples e objetiva, mas é tal regra que faz muitas pessoas não subirem na vida, ou subirem mediante os "meios adicionais". A regra do esforço é a repetição. Um bom jogador de futebol pode até ter uma inclinação para aquilo, mas sem treinar diariamente e constantemente ele não seria um bom jogador. O mesmo é válido para o bom músico, o bom cientisa, o bom artista marcial etc. Há casos como o de advogados ou historiadores que o esforço é menos voltado à repetição e mais voltado à leitura, ou ao raciocínio, mas no fim tudo deriva de uma prática constante.

O caso do esforço é interessante, pois costuma-se comparar os esforços realizados. Imaginemos um jogador de futebol profissional e um médico. O jogador de futebol profissional que joga em um time de médio ou grande porte ganha um salário consideravelmente maior que o do médico, entretanto "tudo que ele faz" é o esforço físico de acordar e treinar para manter ou melhorar sua aptidão com a bola. Já o médico passou a vida inteira debruçado sobre livros, estudando e praticando sua prática, sempre ciente do peso da vida e da morte que terá na sua mão no futuro. É certo dizer que o médico é injustiçado diante do jogador? Penso que isso é assunto para outro post, mas só para exprimir um pouco da minha opinião, considero que sim e não (ah, agora eu esclareci tudo).

Agora você deve estar pensando o que são os "meios adicionais". Bom, seriam aqueles que derivam ou de um benefício genético ou de uma quebra das regras do convívio social. É simples: alguém que nasceu bonito(a), por exemplo, poderia se tornar um modelo, o que lhe custaria tempo, mas de fato o esforço realizado seria mínimo se comparado ao que os outros precisariam fazer para alcançar o mesmo patamar. A quebra das regras do convívio são os meios baixos e/ou não louváveis de se subir na vida: furtando, roubando, traficando, matando, etc. Todos são desprezíveis, mas não podem deixar de ser mencionadas como alternativas utilizadas.

O problema da escalada da vida, como um todo, é que nem todos começam no mesmo ponto da montanha. Enquanto alguns estão nos sopém, outros já estão quase no pico devido a benefícios e circunstâncias favoráveis. Muitos tentam subir e caem sem jamais se levantar, outros sequer conseguem começar a escalada. No entanto, sempre há uns poucos aventurados que alcançam o topo, valendo-se de um ou mais dos meios acima citados. Quanto a quem consegue ficar no topo ou não, isso já é assunto para outro post.

domingo, 29 de agosto de 2010

WTF?!

Eis que se inicia uma nova sessão no blog (que já tem um monte e eu estou ficando confuso). Na sessão "WTF?!" eu colocarei trechos, ou fragmentos ou mesmo partes inteiras de algum texto que eu tenha achado inacreditavelmente técnico ou difícil de entender. Sinta-se um perfeito ignorante lendo e não entendo PN (isto é, praticamente nada).

"[...]A exposição a um pulso de luz transforma o análogo do substrato em substrato, e são obtidas imagens do complexo enzima-substrato em uma fração de segundo pela varredura do cristal com raios X policromáticos intensos de um sincrotron".

WTF?!

sábado, 28 de agosto de 2010

Uma conversa a dois (filosofia)

Quando conversamos com outra pessoa podemos, resumidamente, nos sentir confortáveis ou desconfortáveis. A confortabilidade costuma vir com a intimidade, o tempo de convívio, as experiências passadas juntos, etc. A desconfortabilidade é gerada pela falta de afinidade, pelo conhecimento esparso de um outro alguém, por falta de coisas em comum, etc. De todo modo, é factual que todos já experimentaram a sensação de "silêncio críptico" que muitas vezes atinge uma conversa.

Em meu post "socialização" eu enfatizei a dificuldade que existe em interagir com outras pessoas uma primeira vez. Nesse processo acabamos nos deparando várias vezes com o silêncio que tanto desejamos quebrar. Entretanto, quero observar (e sobre isso que tratarei nesse post) que há um tipo de conversa a dois que jamais, em momento algum, alcançará tal momento de silêncio críptico. Uma conversa com um livro.

O livro é, sem dúvida, o único companheiro de conversa que jamais te deixará sem palavras, que de maneira alguma ignorará suas ânsia de vê-lo, que não despertará seu desejo de contato, conexão, familiaridade, pois esses desejos já estaram saciados.

Por que? Talvez porque o contato com o livro já comece de maneira familiar: você só o escolherá se ele o agradar. Você terá que dar o primeiro passo na socialização com ele: terá que adquiri-lo. Mas, após essa fase, o livro se mostrará um fiel companheiro, ele certamente falará muito com você. O livro te mostrará outras maneiras de enxergar a realidade, te transportará para lugares que você nunca esteve, te explicará como tudo funciona.

Pode se alegar que o livro é limitado. Que ele só tem uma mesma história pra contar e, quando esta termina, o livro não mais serve de nada. Isso nunca esteve mais distante da realidade. Apesar do livro manter eternamente as mesmas palavras em suas páginas, você muda. Você, ao lê-lo novamente, perceberá nuances que tinha deixado escapar, interpretará passagens de outra maneira, reviverá as mesmas emoções de um modo conhecido, mas totalmente novo. O livro pode ser estático, mas o leitor é dinâmico.

A conversa com o livro é um momento íntimo, pessoal, próprio, em que cada palavra afeta você de modo que só você pode sentir. Cada livro transforma uma pessoa de alguma maneira, e os melhores livros são os que conseguem transformar o maior número de pessoas, são aqueles que, como dizia Tolkien, deixam o leitor se identificar e iterpretar a história do seu jeito, e não trazer um molde definido de como ele deveria ser lido e interepretado.

Se existe uma conversa a dois que tem muita chance de dar certo, é a conversa com um livro.

"A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde"
- André Maurois

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sugestão de jogo

O jogo mais nonsense que você possivelmente já jogou. Tente terminá-lo (é em inglês).

Jogo - I don't even game
Link - http://www.notdoppler.com/idontevengame.php

Brilhantismo

Dizem por aí que existem pessoas brilhantes. Bullshit.

Imagino que todos os homens brilhantes, sem excessão, tiveram seus momentos de estupidez. Todo bom escritor já quis nunca ter publicado um certo livro, todo bom pintor se arrependeu de um quadro, todo bom cientista já fez uma descoberta estapafúrdia que imaginava estar certa.

Isso os desqualifica como brilhantes? Não. Isso os qualifica como brilhantes? Não.

Brilhantismo não existe. Somos 99% transpiração. Talvez 1% inspiração, ou outras coisas mais. Quem é "brilhante"? Quem tem a audácia de se proclamar "genial" e tem a coragem de abrir mão de tudo o que obteve pelo esforço?

Somos o que pensamos, o que fazemos, o que geramos. Ninguém é brilhante, simplesmente é mais esforçado, mais capaz, mais sagaz.

Brilhantismo é uma péssima palavra, pois desmerece aquele que foi chamado de brilhante, aqueles que o chamam de brilhante e aqueles que buscam ser brilhantes.

O brilhante é desmerecido porque obteve aquilo com esforço e suor, não com um estalo. Aqueles que o chamam assim são desmerecidos, pois eles se inferiorizam em relação ao "brilhante". Aqueles que buscam ser brilhantes são desmerecidos, pois pensam que seus esforços até então foram em vão, enquanto o outro prevaleceu.

Brilhantes... Somos humanos. Somos momentos. Somos...

domingo, 22 de agosto de 2010

As pontes da amizade

Algo que eu não costumo ter problema com esse blog, são ideias pra postar. Eu tinha algumas pra essa postagem, mas vou ignorá-las todas, por causa de um acontecimento. Uma amiga minha, com quem eu não falava há muito tempo, comentou sobre ter encontrado uma outra amiga nossa, de também muito tempo atrás. Eu estava escrevendo meu livro no momento (sim, eu escrevo um livro, isso não vem ao caso) e fiquei surpreso com a notícia.

O detalhe é que essa amiga que veio falar comigo, ela era uma grande amiga. Era? Na verdade ela sempre foi. Eu diria que a minha infância foi em grande parte compartilhada com ela, e teria sido muito menos significativa se não fosse por isso. Eu sou assim com aqueles que considero meus amigos de verdade. Podem passar 80 anos, mas se você foi meu amigo um dia, eu não tenho problema algum em tratar você com a mesma intimidade, confidência e segurança que eu costumava tratar na época em que nos falávamos. Infelizmente não é assim que funcionam as coisas.

Passam-se os anos e cada um segue um caminho, vivendo experiências novas, com pessoas novas em lugares novos. Aquele seu amigo com quem você falava tanto vai desaparecendo, sumindo da sua vida, até que você se lembre dele quando está naquele momento de saudosismo e pense "puxa, como aquele cara era legal". Entretanto, quando você tenta retomar o contato, percebe que essa separação temporal abriu um abismo entre vocês. Não é uma "pequena separação". É um abismo de trinta metros de comprimento, e agora pra você se comunicar você tem que gritar, tem que se esforçar.

E agora? O que você faz? Eu, particularmente, odeio esses abismos. Se eu pudesse tratar todos os meus amigos como sempre tratei, como sempre gostaria de tratar, e eles correspondessem a isso, eu saberia que a amizade não esfriou, mesmo com o tempo e a distância. Mas como fazer isso? Como tomar liberdades sem saber se as pessoas vão se sentir ofendidas, irritadas, consternadas? É difícil. Mas, ainda há uma solução: nós criamos pontes.

Quando se abre um abismo entre duas pessoas, a melhor forma de superá-lo é construindo uma ponte que te leve pro outro lado. Uma ponte da amizade. Como fazer isso? Bem, como você faz quando acaba de conhecer alguém: procura assuntos em comum, conta histórias, fala de novidades. Mas a vantagem de já ter sido amigo é que vocês podem relembrar coisas juntos, contar histórias sobre pessoas conhecidas, compartilhar novas experiências. E a ponte é bem mais sólida quando é construída pelos dois lados.

Eu me sinto péssimo por perder amigos, por deixar amizades esfriarem. Primeiro que para você chamar alguém de amigo essa pessoa tem que passar por toda a provação de conhecer você, se acostumar com você e gostar de você. Segundo que, depois de tudo isso, você sabe que vai poder contar com essa pessoa, pra passar pela chuva, pelo Sol ou pela tempestade. Ela vai estar lá, pra te apoiar, para não te deixar desistir. E terceiro porque uma vida sem amigos, é tão boa quanto a morte. Sem alguém para brincar, compartilhar, abraçar, e até mesmo se estressar, qual o sentido de viver? Então o que se pode dizer de perder um amigo? É como deixar que uma parte de você morra. Uma parte incrivelmente importante.

Apesar de dizer que sou sarcástico, sádico, frio, insensível, etc. e tudo mais (vejam no meu "quem sou eu") eu sou o cara mais coração de manteiga que existe. Não consigo ver um amigo mal, não consigo conceber a ideia de perder um amigo. Anos de amizades, conversas, expriências esquecidos por algo tão trivial como o tempo ou o espaço. Felizmente ainda podemos mudar isso. Felizmente ainda podemos fazer pontes.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Analisando

Todo mundo tem esse hábito. Viver analisando as outras pessoas. Ele só costuma variar em 3 formas: profundidade da análise, tempo da análise e interesse na análise. Todos esses intimamente relacionados. Acho que esses são os pontos que mais merecem atenção, mas se necessário tratarei de outros fatores relacionados.

Como todos estão relacionados, tratarei do que é o causador da análise em si primeiro: o interesse na análise. É importante ressaltar que interpretar alguém é um ato complexo, que envolve diversos fatores externos: comportamento, análise corporal, modo de falar, e internos: personalidade, modo de pensar, reflexões compartilhadas, e que, por motivos óbvios, costumamos analisar melhor quem temos mais contato. Mas ainda sim, podemos nos interessar em analisar uma pessoa que não temos muito contato, e a gama de motivos que podem causar esse interesse é gigantesca: curiosidade, desejo de conhecer melhor a pessoa para fazer uma aproximação, compreender melhor pessoas com que convivemos, defesa pessoal, desejo amoroso/sexual (muito comum), etc. Motivos não faltam, mas a despeito deles, o que realmente importa é até que ponto se justifica o seu interesse para você, pois dependendo de quanto isso importa para você, melhor será (profundidade) e mais tempo (tempo duh) você dedicará a essa análise.

Vamos tratar agora do tempo. Como eu disse, todos os fatores se relacionam e, também por motivos óbvios, quanto maior seu interesse, mais tempo você dedicará a uma análise e quanto maior o tempo dedicado mais profunda será sua análise (a priori). O tempo é fundamental. Observações de manias, costumes, rotina, etc. só podem ser bem analisadas em um seguro intervalo de tempo. Enquanto outras observações como humor, estresse, volatilidade de opinião, seriam bem melhor analisadas se em função de um tempo longo (embora o possam ser sem ele). É com o tempo que nos tornamos mais íntimos das pessoas, e também é com ele que nossas análises se tornam mais acuradas. Por que? Porque é esse mesmo tempo que nos permite eliminar as suposições de nossas análises, os "se"(s) condicionates, as inferências incertas. Com um maior tempo podemos verificar a veracidade daquilo que presumimos e, portanto, quanto mais dele disponível, melhor.

Talvez mais importante que o tempo e o interesse, seja a profundidade da análise. Uma análise superficial não compensa o interesse e não vale o tempo desperdiçado. Se vamos apenas "brincar de advinhar" não estaremos analisando nada, apenas imaginando cenários e arriscando um deles. A análise como eu já disse, é uma arte refinada, que envolve fatores físicos e psicológicos e precisa ser feita, mesmo que rapidamente ou com pouco interesse, de modo que possa abarcar o maior número de certezas possíveis a partir das inferências mais sólidas, e que não se valha de senso comum, mas de conhecimento do analista e do empenho do mesmo. E esse conhecimento que me refiro não só é o conhecimento de mundo, como o conhecimento científico, e todo o conhecimento que foi possível extrair da pessoa que está sendo analisada até então. Por tal motivo esse é, dos três, o sustentáculo mais poderoso e também o único que pode ser exercitado. Pois o interesse vem da motivação, que não é algo passível de melhora, depende de outros fatores já citados, e o tempo depende do interesse e de quanto podemos nos disponibilizar àquilo.

Antes de concluir, devo dizer que um dos fatores de maior importância na "equação análise" é o próprio analista. Há pessoas que nasceram com uma incrível capacidade de dedução, e pessoas que realmente se interessam em fazer isso, enquanto há outras que preferem não dar tanta importância a essa consequência de nossa vida em sociedade, ou realmente não são muito boas nessa prática (algo que pode ser exercitado, de todo modo).

Essa minha explanação foi incrivelmente superficial sobre algo incrivelmente complexo que é a nálise do homem. É sobre essas questão que repousaram pensadores como Freud, Jung, etc. E não só nesse âmbito que esta questão foi abordada, mas também por estudiosos de linguagem corporal, comportamental, etc. Acho que o ser humano, por viver em sociedade, desenvolveu esse hábito como uma traço inato, e portanto acredito ser ela essencial para manter a coesão dessa mesma vida em sociedade, pois compreendendo o outro, podemos melhorar nossas ações e reações para com ele, melhorando nossa convivência e nós mesmos.

(Eu vou alternar no meu estilo de texto tradicional e no pequenino, então quem tem preguiça se vire =D).

sábado, 14 de agosto de 2010

Músicas inesquecíveis: pacote especial Disney [4]



Friend like me - Howard Ashman & Alan Menken (Aladdin)

Well Ali Baba had them forty thieves
Scheherazad-ie had a thousand tales
But master you in luck 'cause up your sleeves
You got a brand new magic never fails
You got some power in your corner now
Some heavy ammunition in your camp
You got some punch
Pizzazz!
Yahoo and how
See all you gotta do is rub that lamp

And I'll say
Mister Aladdin, sir
What will your pleasure be?
Let me take your order
Jot it down
You ain't never had a friend like me

Life is your restaurant
And I'm your maitre'd
C'mon whisper what it is you want
You ain't never had a friend like me

Yes sir, we pride ourselves on service
You're the boss,
The king,
The shah!
Say what you wish
It's yours! True dish
How about a little more Baklava?

Have some of column "A"
Try all of column "B"
I'm in the mood
To help you, dude
You ain't never had a friend like me

Boom-Ba
No-No

Can your friends do this?
Can your friends do that?
Can your friends pull this
Out their little hat?
Can your friends go... Poof!
Well, look here
Can your friends go Abracadabra
Let 'er rip
And then make the sucker disappear?

So doncha sit there slack jawed, buggy eyed
I'm here to answer all your midday prayers
You got me bona fide and certified
You got a genie for your charge d'affaires
I got a powerful urge to help you out
So whatcha wish? I really wanna know
You got a list that's three miles long, no doubt
Well, all you gotta do is rub like so - and oh!

Mister Aladdin, sir
Have a wish or two or three
I'm on the job, you big nabob
You ain't never had a friend, never had a friend
You ain't never had a friend, never had a friend
You ain't never
Had a
Friend like me

You ain't never had a friend like me, hah!

A arte como ameaça

(Sei que meus leitores tem preguiça de ler, então tentarei usar um outro estilo de texto, e gostaria que me dissessem o que vocês acham)

Quando a arte se torna uma ameaça?

Acho que, antes que eu possa explicar isso, eu deveria dizer o que é arte. Arte? Como conceituá-la? Vou me resumir a: maneira de se expressar do ser humano que provoca sensibilização nas pessoas de alguma forma que seja (mais vago impossível).

E quando isso é um problema? Quando atividades muitas vezes perigosas e prejudiciais, tornam-se artes.

Assassinar poderia ser uma arte para um serial killer.
Guerrear poderia ser uma arte para um general.
Atear fogo a coisas poderia ser considerado uma arte por um piromaníaco.
Enganar pessoas poderia ser considerado uma arte por um charlatão.

Muitas vezes, em todos os casos acima, de fato essas ações são consideradas arte.

Quando as pessoas tomam por arte uma atitude imprópria ao que se considera nobre ou correto pela sociedade, ou em última instância pelo bom senso e pela moral, ela será um problema. Pois os artistas sempre estarão tentando exercer de sua arte.

Solução? Devemos reconhecer aqueles que tratam com reverência, ou mesmo respeito, atitudes baixas ou desumanas. "Esse assassinato foi uma obra de arte". "Vejam como é bonito o fogo queimando". "As pessoas são muito fáceis de se enganar". Exemplos disso que estou falando.

Nenhum homem de valor matará quando não for por defesa pessoal ou para salvar a vida de um inocente. Guerreará como último recurso. Queimará algo somente para deter o fogo. Enganará somente aqueles que dele querem abusar.

A arte é linda. Mas também pode ser muito perigosa.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Pobre Jason


Tão perto.

Fantasia

Há uma qualidade hoje em dia que é incrivelmente neglicengiada: a imaginação. Não sou o primeiro e nem serei o último a ressaltar a importância fundamental dessa ferramenta tão poderosa que o ser humano possui. A imaginação foi fundamental para o desenvolvimento de teorias, para a crição de testes de hipóteses, para a produção de incríveis obras de arte e mesmo para o nosso trivial e mundano entreterimento. Vamos pensar sobre o que a melhora, o que a gera, e para que ela serve.

Antes de falar sobre o que gera imagnação, devemos falar sobre um elemento que a potencializa: o conhecimento. Quanto maior o conhecimento, mais ideias, artimanhas, articulações o homem é capaz de gerar a partir de sua imaginação, de sua fantasia. Isto é simples de explicar porquê: quanto maior o nosso conhecimento, maior o número de elementos e situações que temos a disposição, maior o número de exemplos anteriores que conhecemos, e portanto maior a chance de conjugarmos isso tudo em único cenário de produção imaginativo e obtermos um resultado. Alguém que conhece o princípio da alavanca seria capaz de idealizar uma alavanca hidraúlica, ao passo que alguém sem esse conhecimento teria maior dificuldade de idealizar o mesmo processo, pois teria que por si só também desvendar o princípio da alavanca.

Agora podemos nos indagar: o que gera imaginação? Basicamente dois elementos: um deles, sem dúvida, é o desafio. Quando nos sentimos desafiados, provocados, contrariados, sentimos também o impulso de superarmos tal obstáculo, de obliterarmos tal barreira. E, para tanto, utilizamos nossa imaginação, nossa mente criativa, para encontrar uma saída, ou produzir uma. O homem tem o impulso de criar desde os primórdios, e esse impulso é alimentado pela necessidade. O segundo elemento, a outra força motriz, o que é? Eu lhes respondo: a curiosidade. A vontade, a necessidade praticamente inata de saber como algo funciona, de saber se fazer algo de determinado modo gera mais eficácia do que de outro, de buscar entender. Nossa imaginação borbulha sempre que tentamos compreender o mundo, aquilo que nos cerca.

E para que ela serve? Além dos motivos acima citados (ultrapassar obstáculos e entender o cosmos - desde a escala micro até a macro) a imaginação nos confere, além de tudo, uma capacidade fundamental: a de projetar e prever cenários. Com uma mente fértil, somos capazes de imaginar a reação de pessoas, o desenrolar de acontecimentos, o resutado de eventos de chance. Mais uma vez o conhecimento prova-se um valoroso aliado, pois ao conhecermos as pessoas, ao analogarmos os acontecimentos com outros anteriores e ao sabermos quais são os possíveis resultados de um evento, nossa produtividade imaginativa aumenta consideravelmente. É preciso que para que projetemos cenários sejamos realistas, mas contemplemos o impossível, sejamos metódicos, mas valendo-nos do caos, sejamos óbvios, esperando também sermos imprevisíveis.

Dito isto, como ignorar o garoto do primário que desenhou o monstro mais feio da sala? Como relevar o estudante que fez a pergunta mais absurda, e ao mesmo tempo mais capciosa? Como esperar que quando um homem olhe para o céu, sua mente não fervilhe tentando abstrair aquilo que ele ainda não consegue compreender? A imaginação, que projeta cenários, que entende o mundo e que destrói entraves, esta imaginação que é pouco valorizada. O gênio criativo não é incentivado na sociedade em que todos buscam se encaixar em um perfil pré-determinado, para que possa ser aceito. A inventividade é menosprezada. O homem consegue expurgar até mesmo o que o concebeu.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Aprimorar (filosofia)

O ser humano tem, pelo menos, duas graças em sua vida: uma seria a capacidade diferenciada de aprender. Pois, diferentemente dos outros animais, o homem consegue aprender e desenvolver um raciocínio complexo através da lógica e do bom senso. A outra seria a possibilidade de passar a vida inteira aprendendo. Um é um dom, digamos assim, o outro uma escolha. Pena que essa escolha seja desprezada inteiramente nos dias de hoje.

Como seres humanos, deveríamos buscar sempre a melhora, o aprimoramento. Isto é, temos a chance de aprendermos o que quisermos e quanto quisermos ao longo de nossa vida, mas ao invés disso somos muito preguiçosos ou desinteressados para explorar nosso verdadeiro potencial. E isso começa cedo. Desde novos, já é costume de muitos associar "estudo" com "chateação", "inutilidade". Tamanho absurdo é tão inconcebível que chego ao ponto de me calar mediante essa colocação. Nós vivemos em uma época privilegiada, em que conhecimento, antes um bem precioso, é agora acessível a todos. E após séculos de espera por esse momento, jogamos tudo ao vento, pois o "esforço não vale o ganho" (outro absurdo).

Não há algo mais medíocre na Terra do que o homem ignorante. Me desculpem, deixe-me corrigir: não há nada mais medíocre do que o homem que não busca se tornar menos ignorante. Estudo é uma forma de se conhecer e entender uma pequena fração de tudo que nos cerca e nos compõe. Não só o estudo acadêmico, mas o estudo musical, o estudo artístico, o estudo literário, etc. O mundo é cercado de maravilhas feitas pela natureza e pelo próprio homem, mas o que se vê é o homem ignorando seu passado de busca por conhecimento em detrimento de uma vida vazia.

Somos um cântaro de argila, e o que nos preenche é o conhecimento. Se não o possuímos devemos buscá-lo, pois de outra forma somos inúteis no sentido mais literal da palavra. Eu já disse uma vez que somos a consciência do Universo. Pois bem, como poderemos o sê-lo, se não buscarmos constantemente uma maior compreensão sobre ele? O homem deve sempre tentar progredir, no sentido de acumular mais conhecimento, pois a busca pelo saber é a chama incandescente que brilha no coração dos homens e que irradia sua luz para todos os outros a sua volta. Sem saber, somos uma pira apagada, um cântaro vazio.

Busquemos o conhecimento, o aprimoramento, o saber. Sejamos tão bons ou ainda melhores do que aqueles que vieram antes de nós e que também o fizeram. Não consigo imaginar melhor sentido para vida do que aproveitá-la e tentar compreendê-la.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Frases que marcam - VII

"A medida do amor é amar sem medida."
- Santo Agostinho (354-430), teólogo de grande influência do período medieval, aprofundou o conceito de Pecado Original e desenvolveu o conceito de Cidade Espiritual de Deus que seria a Igreja, distinta da cidade material do homem. Santo na Igreja Católica e Protestante, é também o patrono da ordem religiosa agostinha.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Uma dura realidade


Apesar de que não sou religioso, a mensagem é válida.

Fala mansa

Não, não é uma postagem sobre a banda de forró pé-de-serra.

Acho que, no meu post "argumentar" eu fui relativamente claro (ou não) sobre o porquê da importância de se argumentar e como se deveria treinar esta arte para se tornar exímio nela. Ainda interligado com esse assunto, mas agora visto de um prisma diferente, venho falar a meus queridos leitores não mais sobre o que as pessoas dizem a você, mas como as pessoas dizem a você. Antes, uma distinção importante: persuadir é diferente de convencer. Persuadir é utilizar-se da emoção, da intimidade, ou de outro subterfúgio para, através de aconselhamentos, fazer com que a pessoa faça o que se pede. Convencer é vencer uma pessoa por meio da argumentação lógica bem estruturada, demonstrando porque seu ponto de vista é melhor que o dela (sim, isso é possível, leiam meu post "a relativização das coisas" para entender mais). Isto posto, voltaremos a questão do como.

Particularmente, nada tenho contra nenhum meio de comunicação, vejo que cada um apresenta sua vantagem e desvantagem, mas vez ou outra temos que nos alertar aos perigos de um em relação a outro. Minha opinião é suspeita, mas vejo que a moda de vídeos na internet (vlogs) tem evoluído no youtube, e muitas pessoas tem expressado sua opinião por meio destes, o que pode levar a... Problemas. Simplificando as coisas: ao utilizar-me da escrita, o leitor que lê isso tem tão-somente minhas palavras que, bem articuladas ou não, podem convencê-lo (que é o que eu tento fazer) ou persuadi-lo (que é o que eu tento evitar - nem sempre, hehe). Já quando a mensagem é passada por um vídeo, temos pelo menos dois novos elementos introduzidos na argumentação: voz (e sua entonação) e as imagens. Me detirei mais tempo àquela do que a estas.

Ao assistirmo um vídeo, ou algo dessa natureza, costumamos não nos atentar, de tão natural que já é, ao modo como as pessoas falam e o que elas fazem quando falam. Costumamos dar mais atenção a informação que ela está querendo passar e, justamente por uma filmagem contar com os dois elementos dinâmicos supracitados (voz e imagens), ela pode oferecer mais que um simples texto (veja bem - PODE). Mas ao ignorarmos elementos tão essencias à transmissão da mensagem, incorremos ao erro de sermos persuadidos, ao invés de convencidos, pelo modo contagiante com que a pessoa fala, ou talvez impactante, ou ainda tranquilizante. Existem pessoas que falam muito e não dizem nada. É por esse motivo que devemos nos policiar e ver se o que está sendo dito realmente tem consistência argumentativa, ou nós estamos aceitando simplesmente porque o modo com que a pessoa disse aquilo foi engraçado, ou ainda direto (e com isso quero dizer ofensivo), ou ainda simplesmente porque gostamos do jeito que ela fala.

Com efeito é mais fácil ser persuadido por um vídeo do que por um texto, pois naquele o transmissor pode usar, além dos gestos e expressões faciais (imagens - como muito acontece nos vídeos), a sua fala pausada e mansa, ou a sua brutalidade direta e habitual, para que a mensagem tenha mais sentido ou, nesse caso, pareça ter mais sentido. Enquanto que para um texto o leitor pode usar de argumentação tautológica (circular), pode usar de falácias, ou mesmo de redundância (a boa e velha enrolação). Mas tudo isso também está a disposição daquele que manda sua mensagem em vídeo.

Eu poderia demonstrar aqui alguns exemplos para o que digo, mas para não fazer o mal a ninguém, e porquê eu nesse blog ajo mais como um racionalista do que como um empirista, gostaria que você próprio leitor fizesse o seguinte exercício: carregue um vídeo qualquer na internet, em que alguém esteja agumentando sobre alguma coisa. Deixe o vídeo minimizado, e apenas escute o que o outro tem a dizer (isso elminará o elemento "imagens"), em seguida deixe o vídeo sem som, e apenas veja o que o outro fez ao dizer aquilo (eliminamos o elemento voz e argumentação) e, se tiver paciência, escreva aquilo que por ele foi dito e releia para si mesmo, vendo se aquilo coerência e sentido (eliminando o principal: imagens e voz).

Com isso espero que você leitor, seja capaz de dissociar corretamente aquilo que foi dito do modo como foi dito, sempre lembrando que é importante também dissociar de por quem aquilo foi dito (mas isso é assunto para outro post). Espero, com essa breve explanação, ter contribuído para acrescentar algo ao seu senso crítico, e que agora você esteja ainda mais preparado para fazer o julgamento correto daquilo que lhe é veiculado através de vídeos. Bons vídeos.