Páginas

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

(in)Justo (filosofia)

Em que consiste a justiça? Ignorando definições mais próximas do direito, como "poder judicial", podemos dizer, talvez com um consetimento geral que "justiça" significa igualdade, retidão. Ou, de um outro modo, equivalência. Mas nenhum desses termos parece definir apropriadamente um termo tão banalizado.

"Ele recebeu o que merecia". "Como ele conseguiu isso?". "O mundo não é um lugar justo". Frases comumente citadas, todas se referindo a justiça, ou a algo semelhante. Alguém poderia argumentar que as definições acima se enquadram em tais situações, mas eu discordo. Justiça não é simplesmente igualdade, não é simplesmente equivalência. Justiça é nobreza, não somente equivalência. Talvez pareça a todos que eu incorro a um erro, pois tão difícil quanto definir justiça deve ser definir nobreza, mas definindo "ato nobre" eu me contentaria simplesmente com "a atitude certa a ser tomada quando todas as outras parecem mais fáceis e tentadoras".

Desse modo, ser justo significa fazer o que é certo. É certo matar alguém porque ele matou outra pessoa? É certo justificar um erro comentendo outro equivalente? É certo prender uma pessoa que roubou porque estava passando fome? É certo punir alguém por tentar sobreviver? Questões morais interessantes. A quem cabe a justiça responder. Ser justo não é simplesmente colocar as ações um lado da balança e ver o que pode equilibrar do outro lado. Justiça não é fazer ao outro o que ele fez a alguém. Isso é estupidez. Ser justo é ser capaz de olhar todas as implicâncias da situação e dar a solução mais nobre, mais correta.

O que é então "a solução mais correta"? Aquela que não somente julga alguém pelo que essa pessoa fez, mas o porquê dela ter feito. Aquela solução que busca se ver nos olhos da pessoa, entendê-la, compreendê-la. Não se pode julgar o que não se entende. No entanto, ainda devemos ser capaz de discernir até que ponto devemos fazer isso. Se colocar no lugar de um psicopata iria claramente justificar o seu instinto assassino. Mas uma pessoa doente que pode prejudicar outras não pode ser mantida livre, imune. Cabe a justiça diferenciar as especificidades de cada caso, e concluir o que é certo.

Talvez muitos dos problemas de hoje venham das injustiças que cometemos ao aplicar a justiça como a conhecemos. Se nossas atitudes forem simplesmente atitudes de igualdade para com os atos dos outros, resumimos um ser humano a atos. Esquecemos tanto dos pensamentos quanto do instinto, causa primária de nossos atos. Vamos compreender os outros. Vamos ser nobres. Vamos ser justos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário