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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Pontas soltas

Quando se começa a pensar em um projeto, em um trabalho, a especulação é livre. Imagine, tente, prossiga, falhe. Falhar não é a pior parte, apesar de não ser gratificante. A pior parte vem quando se obtêm sucesso.

Por que?

Porque, a partir de agora, você está limitado. Seu sucesso te força a seguir um caminho, uma trilha de investigação, um rumo. A partir do momento que você tem alguma ideia do que deve ser feito, você não pode mais arriscar livremente. Você deve seguir conforme o planejado, pensar dentro daquilo que você desenvolveu.

Imagine um escritor que está a ponto de começar um livro. A folha em branco a sua frente lhe permite infinitas possibilidades. Até o momento em que ele começar a escrever sua história. Talvez um conto de suspense, ou um conto de ficção científica. Uma perseguição policial, uma história de cowboys. Limitado, limitado, limitado. Ele pode voltar atrás. Pode apagar, pode destruir. Ele terá de volta então todas as suas infinitas possibilidades. Mas, a partir do momento que recomeçar a colocar as palavras no papel, as barreiras lógicas e limitantes o impedirão de ir além.

Não se coloca tanques de guerra em uma história de cowboys. Não se coloca magos em uma história de ficção científica. Não se coloca monstros num romance policial. Ou se coloca? Ainda que queiramos extrapolar, pensar fora da caixa, arriscar alguma tentativa insólita, ainda estaremos limitados. Pois, a partir desse momento teremos de lidar com a lógica misturada, um tanto inconsistente, da nossa combinação improvável.

E é nesse momento que se mostram os gênios.

Uma história, um projeto, um modo de pensar e desenvolver não consiste somente com o que inicialmente extrapolamos, mas com o que viemos a pensar em seguida. Quando a mente está livre, quando estamos face a face com o terrível paradoxo de nos limitar mentalmente ou continuarmos fascinados com as possibilidades, é a partir desse momento que estaremos comprometidos. Comprometidos com a coerência, com o sentido, com a continuidade. No mundo fantástico das ideias, tudo é possível e tudo é considerado. Todas as ideias existem e se fortalecem, alimentadas pelo consciente inconsciente humano.

Pois bem, estou me demorando, o que a de genial em manter a continuidade? É simples. Ao pensarmos algo, ao elaborarmos uma ideia, ela vem aberta, pura, com suas inúmeras facetas e características a serem exploradas, testadas, verificadas. E então? E então vem o sucesso, e nós progredimos com a ideia, agora presos a ela inevitavelmente pela nossa necessidade de desenvolvê-la, verificar seu alcance, sua magnificência. E, a partir de então, devemos elaborá-la, refiná-la, torná-la física por que não dizer? Retirá-la do plano imaginativo e trazê-la viva, pulsante, para cá. Para o mundo real.

Mas, como já dito, isso a define. E, com uma ideia definida, pouco podemos fazer a não ser desenvolvê-la do modo mais coerente e sensato que consigamos inteligir.

É nesse momento crucial de elaboração, de desenvolvimento, que devemos tomar cuidado. A cada passo novo que damos a fim de moldar nossa ideia, devemos nos atentar a desvios, a pontas soltas, a vazios lógicos injustificáveis por si mesmos. A inconsistência é a morte da ideia. Como mantê-la viva? Amarrando todas as pontas.

A partir do momento que nos comprometemos com nosso imaginário, do momento em que definimos o rumo a ser tomado, estamos comprometidos com as possibilidades. Um filme de cowboy pode ter tanques de guerra, mas como explicá-los? O que tornará sensato a presença de tanques de guerra em um filme de cowboy? Conclusivamente poucas coisas. Entretanto, se quisermos manter possibilidades a primeira vista absurdas válidas, devemos mantê-las firmemente conectadas. Devemos dar razão a aquilo que foi pensado. Devemos um sentido.

Por isso, no momento crucial, na hora em que devemos definir como a ideia sairá do papel, nós devemos nos comprometer. Nos comprometer em articular o todo, em amarrar as pontas soltas. Uma ideia viva, pulsante, pode vir para cá em qualquer forma. Contudo, só será mantida aqui com o correto delineamento, com a estratégia mais eficiente de explorar suas possibilidades. E é nesse quesito que nós devemos nos esforçar. Só assim seremos gênios.

domingo, 24 de julho de 2011

Mais do mesmo

O blog voltou. E bem diferente.

Para começar, acho que eu estava sendo muito pretensioso com o título do blog. "Filosofias" parecia inapropriado. A bem da verdade, a maior parte das minhas postagens tratava-se da minha opinião pessoal. Uma filosofia deveria retratar um longo desenvolvimento de um raciocínio lógico argumentativo, embasado em premissas passadas assumidas de construções anteriores feitas por si mesmo ou por outrem. Tentando dizer sem firulas: a filosofia é mais refinada.

Agora o porquê de eu ter aderido a mudança: meu plano inicial era postar coisas com base nos raciocínios de grandes filosófos, e só com base nisso. O problema é que a leitura do material desses filósofos é algo que toma tento e exige memória (coisa que eu, infelizmente, não tenho). Para que não ficasse para todo sempre estagnado, eu resolvi reformular e aceitar de uma vez o que meu blog já era de fato: um blog de opiniões. Não que isso tire o mérito de posts anteriores. Opiniões não só podem como comumente devem vir embasadas, seja em raciocínio lógico, seja em experiência de vida, seja em bom senso.

Portanto, a partir de agora, estarei dando opiniões. Sujeitas a julgamento, críticas, análises, rejeições, etc. Tudo que fazemos no dia-a-dia quando ouvimos alguém falar.

Quanto as outras séries do blog, direi quais pretendo manter:
  • Frase marcante
  • Imagem (essa seção do blog é fundamental)
  • Sugestão de jogo
  • Música Inesquecível
  • Em defesa do RPG (sim, vocês não se verão livres dessa)
  • Tlec tlec tlec (na medida do possível)
Qualquer outra seção do blog está oficialmente cancelada. A antiga marcação "filosofia" virá agora como "opinião".

Agora quantos aos textos e microtextos. A partir de agora tentarei ser mais comprometido com o que eu postar, no sentido de pensar bem, elaborar bonitinho, buscar referências (e não entendam isso só como referências acadêmicas, podem ser gibis, livros, revistas, etc.) e pensar em alguma estratégia legal de formatação. Acontece que isso demanda tempo. Ou seja, minha frequência de posts, não só pela faculdade e outras coisas que faço, diminuirá. Os microtextos eu pretendo manter como estratégia pra fazer um breve comentário, algo interessante que eu acho que valhe a pena tratar. Só.

Quanto a posts estranhos e randômicos, é provável que eles continuem. Ninguém consegue seguir a mesma linha sem pisar um pouco fora dela.

That's it.