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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Redirecionando

Novo blog, nova proposta, novo estilo:

www.acidadesubmersa.blogspot.com.br

Tirando o pó

O blog está parado há mais de 7 meses.

É interessante que, quando temos muitas coisas para fazer, deixamos tudo que consideramos secundário de lado. Talvez o ser humano goste de se concentrar no que ele considera de fato importante. Bah. Mal voltei pro blog e já estou recomeçando minhas elucubrações... Eu tratava de diversas seções aqui nesse blog, algumas que eu mantinha com muito carinho e outras nem tanto, várias que serviram para mudar a dinâmica do blog às vezes, e outras que foram um certo fracasso.

Resolvi então mudar a cara do blog. Não foi uma ideia ruim. Mudança do usual é bom, muitas vezes. Mas faltou investimento no resultado final. Eu vim anunciar então o fechamento deste blog. Não, eu não desisti. Aliás, mesmo que eu venha a desistir certo dia, eu sempre poderei voltar, a menos que eu exclua o blog, coisa que não pretendo fazer.

Estou abandonando este porque vou começar um novo blog. Por que começar um novo blog? Porque este blog tem apenas parte da minha cara, de verdade. Gostaria de um em que eu pudesse tratar de outros assuntos, mais conectados a atualidades e dia-a-dia do que são as minhas divagações. Mas não quero começar isso nesse blog, pois isto seria poluir todo o trabalho que comecei aqui. Como eu acho que já disse em alguma postagem anterior em algum momento, eu gosto do trabalho que fiz nesse blog. Gosto mesmo. Apesar de que diversas postagens eu acho que modificaria hoje, a maioria expressava de fato o que eu pensava naquele momento em que eu pensava.

Eu penso em um blog diferente. É provável que ele no começo ainda precise de testes. Posso usar o pouco que aprendi com esse para evitar cometer os mesmo erros, mas também pretendo variar meu estilo de escrita. Sei que meu estilo atual é algo como "uma documentário sobre desertos na tv cultura". Perdoem-me por isso. Como eu já disse, mudanças são importantes. Vou começar a trabalhar no protótipo do novo blog e, quando estiver mais ou menos pronto, mando o link para cá.

Desejem-me sorte.

domingo, 6 de novembro de 2011

Achievements

As pessoas hoje vivem a vida colecionando "achievements".

Traduzindo de maneira meio irregular, "achievement" significa conquista, façanha, ou mesmo "feito heróico". É um termo muito usado em jogos de RPG online ou de videogame. Toda vez que seu personagem realiza alguma coisa nova ou espetacular ele pode receber um achievement - seja isso salvar todos os aldeões do perigo iminente sem usar qualquer arma ou matar o rei de maneira particularmente sorrateira - e ainda ganhar reconhecimento por isso.

Qual a relação disso com a vida real? Bom, muita, de certo. É comum ver as pessoas buscando fazer algo pelo simples fato de ser completamente inédito para elas - ir em uma montanha russa, pular de bungee jump ou mesmo comer em um boteco sujo - e não necessariamente porque é divertido ou emocionante, mas simplesmente porque ainda não foi feito.

É bem verdade que várias ideias novas e instigantes costumam chamar mais a atenção, mas é curioso como há um repúdio as ideias velhas. Comer no mesmo restaurante é entediante, jogar monopoly com a família toda sexta a noite é cansativo, ouvir as mesmas 150 músicas gravadas na memória do ipod já encheu. Será mesmo? É uma comparação relativamente estúpida, mas eu não costumo rever um filme que eu já assisti (a menos que não tenha nada melhor pra fazer). Entretanto, comprei Batman: O Cavaleiro das Trevas - que eu já havia visto - para assistir de novo. Foi ótimo. Havia muita coisa que eu não tinha pego da primeira vez que vi o filme, e ficou bem melhor na segunda.

A comparação acima é relativamente estúpida porque eu só repeti o processo uma vez, ao contrário de, por exemplo, assistir batman toda quarta-feira a noite. Mas há coisas que eu repito com fidelidade canina. Por exemplo: assistir Hércules, o filme da disney. Sempre que eu vejo que está passando, eu assisto novamente. Eu conheço praticamente todas as piadas, sei de cor as músicas e conheço a história do começo ao fim. E isso não me impede de ver de novo. Quando vou no McDonalds vez ou outra eu experimento algum sanduíche novo, mas eu diria que uma segura maioria das vezes eu vou de BigMac ou McCheddar. Por que? Porque me agrada. Não que os outros sanduíches sejam ruins, mas eu gosto do sabor desses dois em especial.

Eu não discordo de pessoas que estejam buscando novas experiências. Eu só não vejo sentido em buscá-la só porque é nova. Se, eventualmente, te chamarem para ir a um parque de diversão para curtir uma montanha russa, me avise quando que eu vou também. Mas ficar desesperado para ir a um parque só porque nunca foi em uma montanha russa? Isso é paranóia. Existem infinitas experiências para se viver ao longo da vida, e você provavelmente morrerá sem ter experimentado todas elas. Revisitar uma velha praça, reler um antigo livro, caminhar pelo mesmo caminho ainda são experiências válidas. Repetir a dose não é necessariamente ruim, e mudá-la não é necessariamente bom.

Na minha concepção, a vida não se trata de já ter ido pra disney, já ter perdido a consciência de tanto beber em uma festa, ou ter quebrado o braço quando era criança. A vida se trata de aproveitar as oportunidades e, algumas vezes, tomar as iniciativas. Não fazer algo porque é novo, mas fazer porque é bom.

Achievement unlocked - To finish a post in time predicted

sábado, 20 de agosto de 2011

Heróis

A humanidade precisa de símbolos. Seria até mais apropriado dizer: a humanidade desenvolve seus símbolos. Com isso eu quero dizer que uma forma interessante de comunicação social que temos é a referência mútua a símbolos familiares que só tem significado para as pessoas que atribuíram valores a esses símbolos.

Um exemplos simples seria o comandante. Um comandante pode se tratar de um posto efetivo nas forças armadas, e é um cargo que traz consigo muitas responsabilidades. Ao se referir a alguém como "comandante" você deixa claro que toma a pessoa em alta estima, pois o símbolo do comandante, como homem de poder e de tomada de decisões, fica claro para todos (semelhante aos homens influentes que eram tratados por "coronéis" após a Proclamação da República).

A figura do comandante.

Podemos dizer com alguma segurança que um símbolo não existe por si só, mas que só demonstra seu real valor nas interações sociais. Existe até um nome para isso: interacionismo simbólico. Esta é
"uma abordagem sociológica das relações humanas que considera de suma importância a influência, na interação social, dos significados bem particulares trazidos pelo indivíduo à interação, assim como os significados bastante particulares que ele obtém a partir dessa interação sob sua interpretação pessoal."
- Wikipedia é nóis
Simplificando, uma interação social não é importante somente pelo que é dito ou feito, mas por como a outra parte participante da interação entende aquilo que é dito ou feito.

Cada um de nós tem uma histórico de significados e valores que desenvolvemos e modificamos ao longo de nossas vidas. Cada um de nós tem símbolos. Salvaguardando contextos mais maliciosos, fazer referência a um dragão costuma ser uma exemplificação de força e poder. Conhecidos pela mais diversas culturas, essas criaturas bestiais já tomaram muitas formas, mas todas tem em comum a capacidade de destruição em massa, ainda que possa agir como uma besta irracional ou como um ser de grande sabedoria. Portanto, eu arriscaria que dragões costumam ser um dos símbolos mais invocativos que permeiam a cultura humana.

Não é a toa que histórias com essas criaturas tornam-se tão populares e atraentes.

Dragão: um dos símbolos máximos de poder.

Voltando ao foco principal, eu comecei dizendo que a humanidade precisa de símbolos, e depois me auto-corrigi. Mas as sentenças não são mutuamente exclusivas. É verdade, a humanidade desenvolve seus símbolos. Porém, assim como nós os desenvolvemos, acabamos por nos tornar dependentes deles.

E então temos o herói. Seria tolice desconsiderar a importância fundamental que os heróis tem em nossa sociedade. Não me refiro a instrumentos de propaganda ou entreterimento simples e trivial. Com efeito, estas duas últimas funções derivam do verdadeiro papel que o herói representa em nossa sociedade: a identificação pessoal. Heróis (e aqui eu incluo os bem conhecidos "super-heróis") são símbolos supremos da necessidade humana de possuir um modelo a ser seguido. Nós gostamos de heróis quando nos identificamos com eles, quando vemos neles um espelho utopizado de nossos ideais, gostos e vontades. Gostamos porque eles nos inspiram.

Um homem quer atuar como um herói. Quer sentir a importância de seus atos e de suas atitudes, ainda que tragam consigo difíceis decisões. Na mitologia grega, heróis eram seres semi-divinos, filhos de deuses e humanos, capazes de façanhas épicas. Enfrentavam mosntros (incluindo dragões) e os derrotavam mediante a combinação de suas capacidades antinaturais e de sua natureza humana. É justamente dessa mistura complexa que nasce a identificação.

Hércules, filho de Zeus.

Notem que o homem comum não possui as capacidades antinaturais e, portanto, não pode atuar como faria o herói. Porém, ao conservar a natureza humana, o homem pode se identificar e, de modo análogo, ser um herói na sua esfera de atuação. É por essa razão que os ideias e valores de um herói são tão importantes para o sucesso do mesmo. Só assim seremos capazes de nos identificar com ele.

Por fim, o herói é também um símbolo para interações sociais. Talvez um dos mais importantes. Quando vemos um outro alguém capaz de agir e se portar como um herói, esta pessoa, para nós, torna-se um herói. Lembre-se que um símbolo é tão poderoso quanto o significado que atribuímos a ele. Portanto, não importa se um indivíduo é incapaz de derrubar prédios, conter desastres naturais ou combater aberrações titânicas. Se ele é capaz de mostrar seu valor e significado, capaz de acreditar e seguir seus ideais, esta pessoa é tão digna de ser chamada de herói quanto um Hércules, ou Ulisses, ou Superman.

Portanto, heróis existem. Só precisamos saber reconhecê-los.

Fontes principais:

Interacionismo simbólico

Herói

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Pontas soltas

Quando se começa a pensar em um projeto, em um trabalho, a especulação é livre. Imagine, tente, prossiga, falhe. Falhar não é a pior parte, apesar de não ser gratificante. A pior parte vem quando se obtêm sucesso.

Por que?

Porque, a partir de agora, você está limitado. Seu sucesso te força a seguir um caminho, uma trilha de investigação, um rumo. A partir do momento que você tem alguma ideia do que deve ser feito, você não pode mais arriscar livremente. Você deve seguir conforme o planejado, pensar dentro daquilo que você desenvolveu.

Imagine um escritor que está a ponto de começar um livro. A folha em branco a sua frente lhe permite infinitas possibilidades. Até o momento em que ele começar a escrever sua história. Talvez um conto de suspense, ou um conto de ficção científica. Uma perseguição policial, uma história de cowboys. Limitado, limitado, limitado. Ele pode voltar atrás. Pode apagar, pode destruir. Ele terá de volta então todas as suas infinitas possibilidades. Mas, a partir do momento que recomeçar a colocar as palavras no papel, as barreiras lógicas e limitantes o impedirão de ir além.

Não se coloca tanques de guerra em uma história de cowboys. Não se coloca magos em uma história de ficção científica. Não se coloca monstros num romance policial. Ou se coloca? Ainda que queiramos extrapolar, pensar fora da caixa, arriscar alguma tentativa insólita, ainda estaremos limitados. Pois, a partir desse momento teremos de lidar com a lógica misturada, um tanto inconsistente, da nossa combinação improvável.

E é nesse momento que se mostram os gênios.

Uma história, um projeto, um modo de pensar e desenvolver não consiste somente com o que inicialmente extrapolamos, mas com o que viemos a pensar em seguida. Quando a mente está livre, quando estamos face a face com o terrível paradoxo de nos limitar mentalmente ou continuarmos fascinados com as possibilidades, é a partir desse momento que estaremos comprometidos. Comprometidos com a coerência, com o sentido, com a continuidade. No mundo fantástico das ideias, tudo é possível e tudo é considerado. Todas as ideias existem e se fortalecem, alimentadas pelo consciente inconsciente humano.

Pois bem, estou me demorando, o que a de genial em manter a continuidade? É simples. Ao pensarmos algo, ao elaborarmos uma ideia, ela vem aberta, pura, com suas inúmeras facetas e características a serem exploradas, testadas, verificadas. E então? E então vem o sucesso, e nós progredimos com a ideia, agora presos a ela inevitavelmente pela nossa necessidade de desenvolvê-la, verificar seu alcance, sua magnificência. E, a partir de então, devemos elaborá-la, refiná-la, torná-la física por que não dizer? Retirá-la do plano imaginativo e trazê-la viva, pulsante, para cá. Para o mundo real.

Mas, como já dito, isso a define. E, com uma ideia definida, pouco podemos fazer a não ser desenvolvê-la do modo mais coerente e sensato que consigamos inteligir.

É nesse momento crucial de elaboração, de desenvolvimento, que devemos tomar cuidado. A cada passo novo que damos a fim de moldar nossa ideia, devemos nos atentar a desvios, a pontas soltas, a vazios lógicos injustificáveis por si mesmos. A inconsistência é a morte da ideia. Como mantê-la viva? Amarrando todas as pontas.

A partir do momento que nos comprometemos com nosso imaginário, do momento em que definimos o rumo a ser tomado, estamos comprometidos com as possibilidades. Um filme de cowboy pode ter tanques de guerra, mas como explicá-los? O que tornará sensato a presença de tanques de guerra em um filme de cowboy? Conclusivamente poucas coisas. Entretanto, se quisermos manter possibilidades a primeira vista absurdas válidas, devemos mantê-las firmemente conectadas. Devemos dar razão a aquilo que foi pensado. Devemos um sentido.

Por isso, no momento crucial, na hora em que devemos definir como a ideia sairá do papel, nós devemos nos comprometer. Nos comprometer em articular o todo, em amarrar as pontas soltas. Uma ideia viva, pulsante, pode vir para cá em qualquer forma. Contudo, só será mantida aqui com o correto delineamento, com a estratégia mais eficiente de explorar suas possibilidades. E é nesse quesito que nós devemos nos esforçar. Só assim seremos gênios.