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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Saudade (parte 1 de 4)

Quanto vale um dia? 24 horas? 1440 minutos? 86400 segundos? Não. Um dia vale mais do que o tempo que gastamos nele.

Muitos, quando o dia acaba, sentem a sensação de que aquele dia foi jogado fora. Você não fez nada. Você não correu atrás dos seus sonhos, você não solucionou aquele problema que te incomodava, você não disse pra alguém que sentia muito, que foi culpa sua, não disse que amava alguém. Você não parou e sentiu o perfume das rosas.

E quando isso acontece, sempre temos o amanhã. E então podemos mudar o valor daquele dia muito além de 24 horas. Você pode se desculpar, você pode parar e respirar lentamente e dizer pra alguém que ela é a pessoa mais importante da sua vida, sem exageros. Pode começar a ir nas aulas da academia. É, aquela academia que você estava adiando. Você pode mudar o valor do seu dia.

Mas, o que fazemos quando não podemos evitar? O que fazemos quando algo muda permanentemente o valor de nossos dias? Quando tem alguém muito importante na sua vida e, por algum motivo bom ou ruim, ela vai embora? Talvez a resposta óbvia fosse: superar e seguir em frente. Mas isso não é resposta. Não se pode passar por cima das pessoas. Não se pode simplesmente retirar o quanto aquela pessoa importou pra você, para os seus dias. É impossível.

A parte mais difícil dessa situação é perceber que a importância da pessoa não era somente fazer os seus dias valerem a pena. Mas também perceber que a ausência dela tornam os seus ainda piores do que se você jamais a tivesse conhecido. Não podemos sofrer perdas de algo que nunca tivemos. Isso que sentimos, que nos consome por dentro, que nos faz querer ver a pessoa de novo e de novo, que nos faz imaginar como seria se aquele dia nunca tivesse acabado, isso é a saudade.

Sempre nos perguntamos se a saudade é algo bom ou ruim. Isso é uma questão de perspectiva. Na perspectiva da pessoa que está sentindo saudade, é algo terrível. Você simplesmente não consegue tirar a pessoa da sua cabeça, não consegue não querer ela de volta, não para de pensar nos bons momentos passados juntos e nos muitos que jamais irão se realizar. Na perspectiva da pessoa que se foi, é algo bom. Você sabe que foi querida, que foi desejada, que sua presença era um conforto mesmo que para uma única pessoa.

E agora? Bem, se sentir saudades não vai solucionar o seu problema, se o valor dos seus dias não é mais o mesmo sem aquela pessoa, se você simplesmente não pode parar de se lamentar, esqueça-a.