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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sugestão de jogo

Esse jogo é brilhante, simplesmente fantástico. Você talvez não entenda o porquê se somente jogá-lo, mas irá entendê-lo ao ler sobre o mito grego em que o jogo foi embasado. É a história de Orfeu. Vale a pena ler, e vale a pena jogar.

Jogo - Don't look back
Link - http://www.casualmob.com/content/dont-look-back

Mito de Orfeu - http://pt.wikipedia.org/wiki/Orfeu

Irracional

Hoje, eu assisti o novo filme do Tim Burton "Alice no País das Maravilhas". Em uma única palavra para resumir todo o filme: irracional. Mas acalmam-se, não é reclamação de crítico de cinema. O filme foi bom justamente por ter sido irracional.

Eu me considero uma pessoa sensata e ponderada, julgo analisar todas as possibilidades antes de tomar uma atitude e tento usar sempre da razão em qualquer situação possível. "Que saco", alguém deve ter pensado. Pois é, imagine para mim, um homem que vive em prol da lógica, quão desconjecturante não é ver um filme tão ilógico, tão irracional. Foi ótimo.

Mas não fique só apontando seus dedos leitor, pois eu tenho certeza que você, por mais maluco, insensato e inconsequente que possa ser, gosta de entender o mundo pelo olhar da lógica, da racionalidade, afinal, essa é uma característica humana. Nós tentamos padronizar, metodizar, encaixar todo o mundo em uma esfera de comportamento que nós possamos compreender, pois compreendendo nós podemos prever o que acontecerá, e prevendo o que acontecerá nós não temos medo. Exatamente leitor, o homem tem medo do que não compreende, do que é ilógico, do que é irracional. Isso não é novidade.

Agora imagine um mundo ilógico, em que nada faz sentido, em que coisas impossíveis acontencem e em que nada pode ser inferido, metodizado, padronizado. Esse é o mundo da irracionalidade. O mundo da imprevisibilidade, do surpreendente e, acima de tudo, do insano. A loucura é tida muitas vezes como um mal, mas quem pode julgar o louco e dizer quem é normal? Até isso tentamos padronizar, criar comportamentos-base, formas de se pensar, de se vestir, de se agir. Estamo presos a regras arbitrárias estabelecidas em um consenso silencioso para viver o que chamamos sociedade. Por isso o filme foi ótimo. É uma fuga da realidade, da mesmice, do que é sempre esperado e que podemos inferir.

Não que eu não goste da lógica leitor, ela pra mim é uma ferramenta de grande e fundamental utilidade, mas, às vezes, sentimos aquela vontade de ser irracionais, ilógicos, de quebrar as expectativas e de destruir o próprio chão para poder saber exatamente onde você estava pisando. O irracional pode ser assustador, mas é muitas vezes atrativo.

Portanto leitor, não viva sempre da rotina, quebre-a de vez em quando para você provar a si mesmo que não depende dela, e sim que ela dependa de você. Seja irracional, mas com moderação. E veja o filme, mas prepare-se para ter seu mundo destruído.

sábado, 24 de abril de 2010

Um tempo de palavra (filosofia)

Eu tenho uma incrível dificuldade em fazer uma prova diretamente de caneta. Imagino que outros leitores devem compartilhar esse tipo de problema comigo. Simplesmente porque não sou suficientemente capaz de resumir toda uma resposta de forma objetiva e satisfatória, ao menos não na primeira tentativa. Eis que isso me leva a entregar a maioria das minhas provas a lápis, tanto pelo pouco tempo que sobra para passá-las a limpo como o incoveniente que é fazê-lo. Consequentemente, sou obrigado a ouvir a recorrente observação dos corretores da prova: "tudo bem, mas não poderá exigir recorreção", e eu simplesmente assinto com a cabeça diante daquela colocação indiscutível. Mas até que ponto indiscutível?

O argumento mais usado para impedir qualquer recorreção é o que diz que a prova é um documento e, como tal, deve ser preenchido de caneta, o que evitaria possíveis "alterações", se é que me entendem. Bem, eu lhes digo, minha palavra não vale mais nada? A palavra de ninguém não tem mais valor? Onde estão os tempos de honra? Se eu recebesse minha prova e visse um erro na correção, teria que me manter calado. Simplesmente porque, ao levá-la para ser examinada minha credibilidade seria contestada por ter feito a prova a lápis. Realmente o mundo mudou.

Apesar de termos feitos avanços fantásticos nos campos da ciência, da filosofia, e até onde podemos imaginar, nas leis e códigos éticos que integram nossa sociedade, de forma que ela se aproxime o melhor possível do que chamamos de "justa", o mundo se tornou mais hipócrita. Poderíamos sugerir culpados: a competição gerada e estimulada pelo nosso próprio sistema de governo, a superpopulação que levou a interação humana a níveis nunca antes vistos, a crises existenciais geradas pela contestação de nossas crenças sobrenaturais, a própria revelação da real natureza humana oriunda da nova sociedade, enfim... Fácil apontar culpados, difícil dizer quem tem a razão. Prefiro não me ater a isso. Prefiro focar-me na principal consequência causada por esse mundo hipócrita: a falta de confiança.

Não se pode dormir de portas abertas, evita-se cruzar com estranhos quando se está solitário em um rua escura, evita-se beber em um mesmo copo duas vezes em uma festa, principalmente se o tivermos perdido de vista, não se confia mais na própria polícia, que pode estar corrompida. E isso se estende até aspectos da vida que consideramos seguros, como evitar abrir um e-mail que possa conter um vírus, não confiar em uma babá para cuidar de seus filhos pequenos, lavar as leguminosas do mercado que podem conter agrotóxicos, e ainda se estende a grandes aspectos institucionais, como antes de fazer um seguro de vida é preciso saber sua condição sócio-econômica, seu estado de saúde, sua idade. Só recebe financiamentos altos quem comprova ter uma renda muito acima daquele valor das parcelas, para evitar os calotes, etc. Não negarei que é necessário, mas direi que não deveria ser.

Foi-se os tempos em que a palavra de um homem era todo o valor que atribuíam a ele. Foi-se os tempos em que contratos comerciais podiam ser selados com um aperto de mãos e a promessa de cumprimento do acordo de ambas as partes. Foi-se os tempos em que samurais que, após falhar para com seu imperador, suicidavam-se em nome de sua honra. Foi-se os tempos em que a única relação entre suserano e vassalo era a de fidelidade, ajudando-se mutuamente tanto em questões cotidianas e triviais, até o momento da deflagração de uma guerra.

Tristes esses tempos que aqui estão e que ainda estarão, em que a palavra de um homem vale menos que a tinta de uma caneta.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Tudo está claro agora



Ou não.

Em defesa do RPG - parte 3

Bem-vindo leitor, ao mundo do RPG mais uma vez. Se você está lendo isso é porque está curioso sobre o que é, e esse já é o primeiro passo. Talvez você queira saber como o RPG funciona exatamente, para poder dar uma chance a si mesmo de experimentá-lo. E é para isso que estou aqui. Supondo que você já leu meus posts anteriores, você tem ao menos uma ideia do que é o RPG e o que ele proporciona. Mas você ainda não sabe como jogá-lo. É como se eu lhe dissesse as regras do futebol, lhe dissesse quais as vantagens de jogá-lo, mas não lhe ensinasse COMO jogá-lo. Este é o momento de aprender, ou de começar a aprender.

Jogar RPG, como eu já disse, é interpretar um papel, então, a partir de agora, você é um ator. Mas sua performance não será avaliada, não se preocupe. A única consequência de uma atuação ruim, é que o jogo se tornará ruim, já uma boa atuação tornará o jogo bom. Mas, ainda diferentemente do ator, você não precisa deixar de ser você para interpretar um personagem, só precisa evitar tratar tudo de forma mecânica. Vou explicar.

Você é o detetive Steven McDeen, investigando um caso de assassinato. O mestre (o cara que comanda o jogo, lembra?) te diz onde é a cena do crime e você vai investigar. A cena do crime é uma viela estreita entre dois prédios de negócios. A primeira coisa que você percebe ao fazer um teste de perícia "investigar" (traduzindo: rolar o dado para ver o que você descobre) é que, apesar de o corpo da vítima estar altamente estraçalhado (era uma mulher) há quase nenhum sinal de sangue no local. Conclusão?

Bem, aqui entra sua interpretação. Você pode elaborar inúmeras hipóteses para explicar o caso, mas independente disso, você terá que agir e falar como se você fosse um detetive, um profissional da área policial. Você pode dizer: "eu acho que ela não foi morta aqui". Ou pode dizer: "dadas as evidências, creio que o corpo foi trazido da verdadeira cena do crime até este ponto, e devemos percorrer esse rastro para encontrar o assassino". Viu só como ficou melhor? Elaborar um pouco mais o raciocínio, como um real detetive faria, torna o jogo muito mais realista e muito mais prazeroso. E você pode dizer o que você estava pensando, mas apenas imaginar o que você diria se você um detetive de verdade.

E, mais claro ainda, você pode deixar seu personagem marcante. Basta inserir alguma(s) característica(s) engraçada(s) nele. Um tique nervoso que ele tenha de ficar batucando nos lugares, um modo diferente de entrevistar as pessoas, sendo muito grosso, ou muito sombrio, ou até mesmo padronizar a personalidade dele como a de um cara piadista ou distraído, mas que acaba sempre resolvendo o caso no final.

O RPG é um mundo a seu dispor, você só tem que viver nele e ser quem quiser. Mas claro, o mestre sempre estará lá para impor seus limites. E você deve estar se perguntando: "e como será que é ser o mestre?". Fique tranquilo querido leitor, pois meu próximo post irá elucidar isso para você no caso de, ao invés de querer integrar-se ao mundo como personagem, você queira dominá-lo como mestre (eu adoro essa parte, hehe).

Socialização

Um dos meus lemas de vida para aqueles que não me conhecem: "se a vida fosse fácil, ela não teria graça". Mas nesse post vim exatamente desabafar (ou reclamar, o que acharem mais apropriado) sobre a incrível façanha que é a socialização.

Eu gosto de desafios, gosto de ter que me superar, gosto de ter que buscar saídas. No entanto, isso é bem mais divertido quando o problema em questão não é tão abstrato, quando não envolve a confusa, sinuosa e esburacada estrada que é a emotividade humana. No meu post "timidez" mencionei que não era difícil agir sem tímidez. Expliquei o que deveria ser feito. Dei a vocês um método (ele funciona, só para constar).

Mas o que é difícil? Difícil é manter o método. Difícil é ter que fazer um esforço tremendo ao conhecer pessoas novas. Difícil é ter que medir e pesar cada palavra, cada vírgula, cada entonação, para que não aconteça um grande mal entendido. Difícil é não poder ser quem você realmente é, ao menos temporariamente, em prol da sociabilidade. Difícil é não se sentir propenso a criticar os defeitos de uma pessoa que você acabou de conhecer, ou de simplesmente não poder ignorá-la. É bem difícil, por isso é bem desafiador.

Não sei se você está se reconhecendo ao ler essas linhas leitor, talvez não. Mas você seria hipócrita leitor, ao dizer que não passou pelo menos uma vez por essa situação. Dizer que não teve de encarar pessoas que você sabe que podem ser suas amigas no futuro, mas que você tem que trilhar a estrada da emotividade, da confiança, primeiro. Trabalho árduou leitor. Nem a Odisséia de Ulisses foi tão complicada.

Não tenho como prosseguir nesse post sem colocar boa parte da minha subejtividade (se é que já não o fiz) nele. E esse não é meu objetivo. Meu objetivo é que você se identifique com o que eu digo leitor, com as ânsias e dificuldades do processo, para que um dia você possa dizer com convicção e certeza ao olhar para seus amigos: "valeu a pena". Para que vocês tenham piadas internas, momentos de desabafo, de alegria, de companheirismo, até que você possa dizer para ele: "sei que posso contar com você, e você sabe que pode contar comigo".

Boa sorte com essa estrada leitor, eu vivo trilhando-a todo dia.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Músicas inesquecíveis (4)



Stand by me - Ben E. King

When the night has come
And the land is dark
And the moon is the only light we'll see
No I won't be afraid, No I won't be afraid
Just as long as you stand, stand by me

So darling, darling
Stand by me, oh, stand by me
Oh stand, stand by me,
Stand by me

If the sky that we look upon
Should tumble and fall
Or the mountains should crumble to the sea
I won't cry, I won't cry
No I won't shed a tear
Just as long as you stand, stand by me

So darling, darling
Stand by me, oh, stand by me
Oh stand, stand by me,
Stand by me

Whenever you're in trouble, won't you stand by me
Oh stand by me,
oh won't you stand now?
stand by me

Aos anônimos

Este post se dedica àquelas pessoas que mudaram os rumos da história: os anônimos. Sim, pois apesar de que temos conhecimento de muitas pessoas com papéis cruciais na mudança do rumo da história, eu me arrisco a dizer que há um número ainda maior de pessoas tão importantes quanto que, por algum motivo desconhecido, não foram contempladas com o maior mérito que um ser humano pode receber (no meu ponto de vista): ser conhecido através da história.

E este anonimato não está presente só na ciência, ou só na filosofia, ou só na literatura, ou nos registros de guerra, etc. Ele está presente em tudo isso e muito mais. Quantos que tiveram um papel tão revolucionário quanto Einstein, Darwin, Mendel, Nabucodonosor, Alexandre Magno, Ghandi, Madre Teresa de Calcutá, Pascal, Santo Agostinho, Machado de Assis, Amélia Earthart, Olavo Bilac, Sócrates, Aníbal, Platão, Júlio César, Aristóteles, Leonardo Da Vinci, Átila, Conan Doyle, Newton, Clarice Lispector, Santos Dumont, Rafael, Michelângelo, Hipócrates, Avicena, Bohr, Karl Marx, Lênin, Heisenberg, etc. Não se tem conhecimento?

Eu poderia levar um mês listando nomes de pessoas as quais se tem o conhecimento de sua importância na mudança do mundo. Mas eu levaria cem anos para listar, caso soubesse, o nome de todos os anônimos que tiveram semelhante importância. Aqueles cujos papéis são fundamentais, as rochas matrizes que formam a grande fortaleza conhecida como "história da humanidade". Talvez um soldado de guerra que conseguiu achar a base do inimigo e deu a vitória ao seu lado, um assistente de cientista famoso que teve uma ideia genial para resolver um problema que se encontrava no experimento, um médico que salvou centenas de vidas e que possa ter descoberto medicamentos melhores e mais eficazes, enfim, as possibilidades são infinitas.

Mas a glória de se tornar memorável é destinada a poucos. Sobreviver por incontáveis gerações na grande consciência da humanidade é uma tarefa épica. Relembrando o que foi brilhantemente colocado no filme "O Gladiador": "O que fazemos em vida, ecoa na eternidade". Mas, infelizmente, nem todos serão lembrados por seus feitos.

Por isso eu dedico esse post a todos aqueles que lutaram, escreveram, leram, idealizaram, deduziram e, com isso, contribuiram para que o mundo se tornasse o que ele é hoje. Talvez sem vocês, anônimos, eu não estivesse aqui. Nem você leitor. Nunca se sabe.

Meus mais sinceros e merecidos parabéns, sejam quem vocês tenham sido, sei que deram o seu melhor.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Frases que marcam - V

"Ninguém é tão ignorante que não tenha algo a ensinar. Ninguém é tão sábio que não tenha algo a aprender."
- Blaise Pascal (1623-1662), físico, matemático, filósofo moralista e teólogo francês. Estudou a mecânica dos fluidos, pressão e vácuo, estudou o método científico, estabeleceu 32 proposições geométricas, destacou-se como teólogo racionalista e irracionalista, enfim... Ele foi o cara, pesquisem e descobrirão, nem um post inteiro cobriria todas as suas obras.

Quem somos nós? (filosofia)

Uma pergunta que a humanidade se faz desde que se considera a humanidade. Quem somos nós? Por que estamos aqui? Qual a nossa importância?

Veja bem, essa é uma pergunta que gera centenas de respostas com centenas de origens diferentes. Eu não sou prepotente a ponto de crer que a resposta que darei aqui é a correta (pensando bem, sou sim...), mas espero que vocês a compreendam e julguem da melhor maneira possível. Esse, diga-se de passagem, não é um ponto de vista exclusivamente meu, leiam o livro "criação imperfeita" de Marcelo Glaiser e verão que temos o mesmo ponto.

A filosofia, a ciência e a religião batalham por uma resposta. Como esta é uma filosofia minha, saibam que o que direi aqui não será cientificamente comprovável, mas também não será retirado do nada, terá uma lógica racional.

O que você se considera leitor? Um produto da Obra Divina? Pois bem. Ótimo. Pare de ler agora. Eu mandei parar. Por que está continuando? Quer uma explicação, é isso? A explicação é simples: a fé basta por si mesma. E eu respeito isso, tanto respeito que eu mesmo creio em Deus, mas ao meu jeito de crer.

Mas você não crê em Deus. Ou ao menos não tem opinião formada. Ótimo, peguemos a pior opinião: você pensa que somos amebas no universo. Que nossa existência é ridícula em relação ao tempo do Universo, que nossas obras não são impactantes para ele, que sequer fazemos alguma diferença nele. Talvez até creia que surgimos ao acaso. Um mero acidente químico e biológico que resultou em nós, os organismos mais convencidos do Universo, por acharem que ele gira em torno de nós.

Agora eu lhe digo: se surgimos ao acaso, não somos impactantes e vivemos pouquíssimo, quer dizer que não somos especiais? Jamais. Leitor cético, olhe para o espelho e repita 10 vezes "eu sou a consciência do universo". Já parou para pensar que é você quem pensa pelo universo? Você, ou melhor, todos nós humanos, somos a metafísica do universo, pois nós pensamos por ele, para ele e sobre ele. Sem nós, o universo seria inerte (isso supondo o nosso universo conhecido, onde ainda não foi encontrada vida inteligente fora daqui).

O que acha leitor: pergunta-se "quem somos nós?", responde-se "Independente de qualquer outra coisa que possamos ser, somos 'o meio pelo qual o Universo entende a si mesmo'". Isso não é fantástico? Isso não nos torna únicos? Especias? Se não torna, não sei o que tornará. Nós temos a tarefa mais nobre da galáxia: pensar. E é por isso leitor, que eu sou especial, que você é especial, que todos somos especiais. Pense nisso.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A relativização das coisas

Lembro-me de no meu post "banalização musical" ter comentado, logo no início, sobre algo que vem se fazendo muito ultimamente: a relativização da argumentação do outro, mesmo que essa seja baseada na razão, a pretexto de que tudo que ele disser será apenas uma expressão de sua opinião pessoal, portanto irracionalizável para um grupo ou para o todo e que faz sentido apenas a ele.

Esse é um dos subterfúgios de argumentação mais medíocres que existem e que permeiam a face da terra. Se alguém expressa um raciociocínio lógico, coerente, objetivo, e este é subjetivado nas mãos de outrem somente por se inferir que há componentes psicológicos que são a base formadora da argumentação, sem ao menos se preocupar em avaliar a própria, eu tenho para mim que tal pessoa é um péssimo argumentador, ou um excelente enrolador, ou mesmo (o que penso se mais apropriado) um covarde.

A argumentação de que tudo é subjetivo e de que nada que se diga foi dito sem uma relativização extremamente pessoal do orador já é contraditória em si mesma. Facilitando: ao afirmar que "tudo é relativo" a própria frase recai sobre si mesma, e esta, podendo ser relativa, demonstra que seria possível existir coisas não relativas, falseando-a. Agora, se tudo é relativo com exceção dela, de onde veio tal pensamento objetivo que pôde propor isso? Se tudo que pensamos é relativo, qual foi o método utilizado para chegar a conclusão OBJETIVA de que "tudo é relativo"?

Ademais, a relativização de tudo vem desqualificar a razão como forma de se ver o mundo, visto que ela mesma seria parcial e, portanto, não objetiva. Entretanto, caso se afirme que há uma razão universal, mas que não podemos atingi-la, volto a perguntar: de que forma esta constatação foi feita, visto que ela mesma poderia ser considerada relativa?

Não estou querendo dizer que algo desenvolvido racionalmente não possa ser constestado, nem que várias coisas que façamos e que dissemos não possuam influência psicológica, social e ética. Mas a razão está aí justamente para derrubar agurmentos mal estruturados, questionar a si mesma, e para que possamos separar de forma sábia o que vem nos influenciando e que nos faz tomar uma atitude subjetiva. Mas a existência desses fatos de forma alguma desqualifica a razão como única e universal, e que permite que cheguemos a conclusões objetivas sobre diversas "opiniões"a fim de verificar qual é a racional e qual é a meramente subjetiva.

Ou seja, quando alguém disser para você, leitor, que aquela discussão não faz sentido, visto que tudo não passa de um confrontamento de opiniões, diga a ele que a razão independe da opinião de ambos e que, por meio desta, você pode demonstrar através da sua opinião racional porque a opinião dele é equivocada acerca do que quer você esteja discordando dele. Se ele relativizar e disser que isso é apenas a sua opinião a respeito daquilo, rebata: "e esta também não seria apenas a sua opinião em relação a isso? Portanto cale-se, pois você está caindo em contradição. Me deixe demonstrar o porquê de você estar errado" (claro, no calor da discussão você não usará de todos estes eufemismos - hehe).

quinta-feira, 1 de abril de 2010

1 de abril

Rá!! Peguei vocês, postagem de mentira.