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quinta-feira, 8 de abril de 2010

A relativização das coisas

Lembro-me de no meu post "banalização musical" ter comentado, logo no início, sobre algo que vem se fazendo muito ultimamente: a relativização da argumentação do outro, mesmo que essa seja baseada na razão, a pretexto de que tudo que ele disser será apenas uma expressão de sua opinião pessoal, portanto irracionalizável para um grupo ou para o todo e que faz sentido apenas a ele.

Esse é um dos subterfúgios de argumentação mais medíocres que existem e que permeiam a face da terra. Se alguém expressa um raciociocínio lógico, coerente, objetivo, e este é subjetivado nas mãos de outrem somente por se inferir que há componentes psicológicos que são a base formadora da argumentação, sem ao menos se preocupar em avaliar a própria, eu tenho para mim que tal pessoa é um péssimo argumentador, ou um excelente enrolador, ou mesmo (o que penso se mais apropriado) um covarde.

A argumentação de que tudo é subjetivo e de que nada que se diga foi dito sem uma relativização extremamente pessoal do orador já é contraditória em si mesma. Facilitando: ao afirmar que "tudo é relativo" a própria frase recai sobre si mesma, e esta, podendo ser relativa, demonstra que seria possível existir coisas não relativas, falseando-a. Agora, se tudo é relativo com exceção dela, de onde veio tal pensamento objetivo que pôde propor isso? Se tudo que pensamos é relativo, qual foi o método utilizado para chegar a conclusão OBJETIVA de que "tudo é relativo"?

Ademais, a relativização de tudo vem desqualificar a razão como forma de se ver o mundo, visto que ela mesma seria parcial e, portanto, não objetiva. Entretanto, caso se afirme que há uma razão universal, mas que não podemos atingi-la, volto a perguntar: de que forma esta constatação foi feita, visto que ela mesma poderia ser considerada relativa?

Não estou querendo dizer que algo desenvolvido racionalmente não possa ser constestado, nem que várias coisas que façamos e que dissemos não possuam influência psicológica, social e ética. Mas a razão está aí justamente para derrubar agurmentos mal estruturados, questionar a si mesma, e para que possamos separar de forma sábia o que vem nos influenciando e que nos faz tomar uma atitude subjetiva. Mas a existência desses fatos de forma alguma desqualifica a razão como única e universal, e que permite que cheguemos a conclusões objetivas sobre diversas "opiniões"a fim de verificar qual é a racional e qual é a meramente subjetiva.

Ou seja, quando alguém disser para você, leitor, que aquela discussão não faz sentido, visto que tudo não passa de um confrontamento de opiniões, diga a ele que a razão independe da opinião de ambos e que, por meio desta, você pode demonstrar através da sua opinião racional porque a opinião dele é equivocada acerca do que quer você esteja discordando dele. Se ele relativizar e disser que isso é apenas a sua opinião a respeito daquilo, rebata: "e esta também não seria apenas a sua opinião em relação a isso? Portanto cale-se, pois você está caindo em contradição. Me deixe demonstrar o porquê de você estar errado" (claro, no calor da discussão você não usará de todos estes eufemismos - hehe).

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