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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Irracional

Hoje, eu assisti o novo filme do Tim Burton "Alice no País das Maravilhas". Em uma única palavra para resumir todo o filme: irracional. Mas acalmam-se, não é reclamação de crítico de cinema. O filme foi bom justamente por ter sido irracional.

Eu me considero uma pessoa sensata e ponderada, julgo analisar todas as possibilidades antes de tomar uma atitude e tento usar sempre da razão em qualquer situação possível. "Que saco", alguém deve ter pensado. Pois é, imagine para mim, um homem que vive em prol da lógica, quão desconjecturante não é ver um filme tão ilógico, tão irracional. Foi ótimo.

Mas não fique só apontando seus dedos leitor, pois eu tenho certeza que você, por mais maluco, insensato e inconsequente que possa ser, gosta de entender o mundo pelo olhar da lógica, da racionalidade, afinal, essa é uma característica humana. Nós tentamos padronizar, metodizar, encaixar todo o mundo em uma esfera de comportamento que nós possamos compreender, pois compreendendo nós podemos prever o que acontecerá, e prevendo o que acontecerá nós não temos medo. Exatamente leitor, o homem tem medo do que não compreende, do que é ilógico, do que é irracional. Isso não é novidade.

Agora imagine um mundo ilógico, em que nada faz sentido, em que coisas impossíveis acontencem e em que nada pode ser inferido, metodizado, padronizado. Esse é o mundo da irracionalidade. O mundo da imprevisibilidade, do surpreendente e, acima de tudo, do insano. A loucura é tida muitas vezes como um mal, mas quem pode julgar o louco e dizer quem é normal? Até isso tentamos padronizar, criar comportamentos-base, formas de se pensar, de se vestir, de se agir. Estamo presos a regras arbitrárias estabelecidas em um consenso silencioso para viver o que chamamos sociedade. Por isso o filme foi ótimo. É uma fuga da realidade, da mesmice, do que é sempre esperado e que podemos inferir.

Não que eu não goste da lógica leitor, ela pra mim é uma ferramenta de grande e fundamental utilidade, mas, às vezes, sentimos aquela vontade de ser irracionais, ilógicos, de quebrar as expectativas e de destruir o próprio chão para poder saber exatamente onde você estava pisando. O irracional pode ser assustador, mas é muitas vezes atrativo.

Portanto leitor, não viva sempre da rotina, quebre-a de vez em quando para você provar a si mesmo que não depende dela, e sim que ela dependa de você. Seja irracional, mas com moderação. E veja o filme, mas prepare-se para ter seu mundo destruído.

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