O homem tem uma maneira curiosa de adquirir conhecimento. Nós supomos, experimentamos, vemos os resultados e dizemos se era falso ou não. Basicamente as etapas do método científico. De todo modo, a parte que mais interessa é o modo como tudo começa. "Supomos".
O homem vê um fenômeno, um problema, algo que precisa ser explicado. O que ele faz? Inventa. Sim, é literalmente isso: nós inventamos uma explicação. Claro, a explicação costuma ser baseada em conhecimentos prévios (o que levanta uma questão: em que foi baseada a primeira explicação? Mas deixemos essa divagação pra depois). Mas, vamos voltar mais um pouco para que possamos entender meu ponto: como o homem faz isso? Bem, eu diria que ele se questiona.
"Como?" "Por que?" "Quando?" "Onde?" "O quê?". A humanidade tem uma grande variedade de perguntas, mas praticamente todas elas podem ser encaixadas nessas cinco perguntas do começo do parágrafo. Qual o problema com isso? Todos e nenhum. Eu demonstrarei que, com essas perguntas, nós teremos sempre um conhecimento infinito a buscar, mas ainda sim limitado ("infinito e limitado?" você deve se perguntar. Fique calmo, vamos devagar).
O ser humano sempre tem mais o que aprender, simplesmente porque tudo que ele descobre para explicar algo, é passível de questionamento. Quando eu digo "passível de questionamento" não quero dizer "duvidoso", mas quero dizer que pode se usar as 5 perguntas para questionar isso. A partir daí teremos que buscar outra explicação. E assim por diante, ad infinitum. Isto é, temos um conhecimento ilimitado para buscar. Onde está a limitação? Imagino que vocês já tenham percebido, mas para deixar tudo bem claro: nas perguntas.
Nossas perguntas refletem são nosso passo-guia, nossa orientação sobre o que buscar. Consequentemente, perguntas limitadas levam a conhecimento limitado. Ou, mais apropriadamente falando, modo de ver o mesmo conhecimento limitado. Nós podemos analisar tudo da melhor maneira que considerarmos, mas estaremos presos a nossas perguntas. Mesmo o fato de eu falar que somos limitados já era previsto na nossa limitação. E o fato de você estar tentando pensar um modo de provar que estou errado também. E o fato de você pensar que deve haver um modo de pensar além dos nossos limites ainda não te tira deles.
Vou esclarecer tudo com uma analogia. Imagine que você está em uma fazenda. Seu objetivo é contar quantos animais tem lá. Entretanto, todos os animais que você vê são carneiros. E toda vez que você conta um carneiro, você percebe que há mais carneiros pra contar, infinitamente. O que você não sabe, é que também há vacas naquele local. Mas, por algum motivo, você é incapaz de ver as vacas e, portanto, de contá-las. Elas escapam ao seu conhecimento de contagem de animais, que se limita a carneiros. Pergunta: você irá parar de contar carneiros? Resposta: não. Pergunta: você irá ver as vacas? Resposta: não. Esta simples analogia demonstra que temos um conhecimento infinito a abarcar, porém limitado.
Bem, bem, bem. Está tudo ótimo até agora, mas acho que há pelo menos dois problemas no meu raciocínio que merecem ser comentados. Um deles é que estou trabalhando com o infinito, uma quantidade imensurável. O ser humano, por mais que diga que pode, não consegue visualizar o infinito, simplesmente pela nossa visão limitada das coisas. Talvez, e somente talvez, não haja conhecimento infinito, embora eu duvide. O outro, e mais sério na minha opinião, é a explicação que resulta da pergunta: por que fazemos perguntas limitadas? Eu digo: porque somos humanos. Vago não? Pois é. Assumindo que somos um animal como outro qualquer, estamos sujeito à mudança através do tempo. Portanto talvez, e somente talvez (embora eu ache muito difícil), nós possamos passar a enxergar as vacas.
Para ver vacas, deveremos deixar de ser o que somos agora (não, não é uma frase com um sentido de sabedoria maior oculto, é exatamente isso que você leu... Entre na metáfora!). Portanto, pode ser que nosso conhecimento limitado se torne menos limitado. Forçando um pouco a analogia, sempre terão animais que você não enxergará, a menos que você seja onisciente. Mas não fiquem pessimistas. Nós ainda temos infinitos carneiros a serem contados.
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