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domingo, 22 de agosto de 2010

As pontes da amizade

Algo que eu não costumo ter problema com esse blog, são ideias pra postar. Eu tinha algumas pra essa postagem, mas vou ignorá-las todas, por causa de um acontecimento. Uma amiga minha, com quem eu não falava há muito tempo, comentou sobre ter encontrado uma outra amiga nossa, de também muito tempo atrás. Eu estava escrevendo meu livro no momento (sim, eu escrevo um livro, isso não vem ao caso) e fiquei surpreso com a notícia.

O detalhe é que essa amiga que veio falar comigo, ela era uma grande amiga. Era? Na verdade ela sempre foi. Eu diria que a minha infância foi em grande parte compartilhada com ela, e teria sido muito menos significativa se não fosse por isso. Eu sou assim com aqueles que considero meus amigos de verdade. Podem passar 80 anos, mas se você foi meu amigo um dia, eu não tenho problema algum em tratar você com a mesma intimidade, confidência e segurança que eu costumava tratar na época em que nos falávamos. Infelizmente não é assim que funcionam as coisas.

Passam-se os anos e cada um segue um caminho, vivendo experiências novas, com pessoas novas em lugares novos. Aquele seu amigo com quem você falava tanto vai desaparecendo, sumindo da sua vida, até que você se lembre dele quando está naquele momento de saudosismo e pense "puxa, como aquele cara era legal". Entretanto, quando você tenta retomar o contato, percebe que essa separação temporal abriu um abismo entre vocês. Não é uma "pequena separação". É um abismo de trinta metros de comprimento, e agora pra você se comunicar você tem que gritar, tem que se esforçar.

E agora? O que você faz? Eu, particularmente, odeio esses abismos. Se eu pudesse tratar todos os meus amigos como sempre tratei, como sempre gostaria de tratar, e eles correspondessem a isso, eu saberia que a amizade não esfriou, mesmo com o tempo e a distância. Mas como fazer isso? Como tomar liberdades sem saber se as pessoas vão se sentir ofendidas, irritadas, consternadas? É difícil. Mas, ainda há uma solução: nós criamos pontes.

Quando se abre um abismo entre duas pessoas, a melhor forma de superá-lo é construindo uma ponte que te leve pro outro lado. Uma ponte da amizade. Como fazer isso? Bem, como você faz quando acaba de conhecer alguém: procura assuntos em comum, conta histórias, fala de novidades. Mas a vantagem de já ter sido amigo é que vocês podem relembrar coisas juntos, contar histórias sobre pessoas conhecidas, compartilhar novas experiências. E a ponte é bem mais sólida quando é construída pelos dois lados.

Eu me sinto péssimo por perder amigos, por deixar amizades esfriarem. Primeiro que para você chamar alguém de amigo essa pessoa tem que passar por toda a provação de conhecer você, se acostumar com você e gostar de você. Segundo que, depois de tudo isso, você sabe que vai poder contar com essa pessoa, pra passar pela chuva, pelo Sol ou pela tempestade. Ela vai estar lá, pra te apoiar, para não te deixar desistir. E terceiro porque uma vida sem amigos, é tão boa quanto a morte. Sem alguém para brincar, compartilhar, abraçar, e até mesmo se estressar, qual o sentido de viver? Então o que se pode dizer de perder um amigo? É como deixar que uma parte de você morra. Uma parte incrivelmente importante.

Apesar de dizer que sou sarcástico, sádico, frio, insensível, etc. e tudo mais (vejam no meu "quem sou eu") eu sou o cara mais coração de manteiga que existe. Não consigo ver um amigo mal, não consigo conceber a ideia de perder um amigo. Anos de amizades, conversas, expriências esquecidos por algo tão trivial como o tempo ou o espaço. Felizmente ainda podemos mudar isso. Felizmente ainda podemos fazer pontes.

2 comentários:

  1. sim! pontes fortes de nostalgia e carinho! :)

    Muito bom relembrar dos tempos de criança com você e fernando subindo em árvores e correndo sem destino pelas ruas que pareciam mundos para nossos pequenos corpos e nossa imensa imaginação.

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  2. É, Rick, não gostaria que houvesse toda essa distância entre nossa amizade, pois é muito difícil encontrar uma pessoa tão especial e com tanto à recordar como você. Espero que tenhamos sempre uma ponte forte e linda entre nós!

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