Páginas

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Deus

Alguém pode ter reparado que eu evito assuntos polêmicos eu meu blog. É intencional. Não que eu não tenha um ponto de vista ou alguma certeza em relação a alguns assuntos polêmicos, mas certamente alguns (como futebol) causam mais polêmica do que debate real. Assim eu penso que é esse tema. Não me dei ao trabalho de classificá-lo como "filosofia" ou qualquer coisa que seja. Não pretendo trazer soluções mágicas e conclusões fantásticas acerca de toda a problemática que envolve esse assunto. Mas mais cedo ou mais tarde caberia a mim me posicionar a respeito disso. Que seja mais cedo então. Antes de mais nada, seja você leitor crente ou ateu, sugiro que leia até o final antes de traçar na sua cabeça qual seria minha posição a respeito deste assunto.

Deus; definição: (?). Primeiro problema do homem ao se confrontar com a ideia de Deus: o que é Ele? Será mesmo que podemos dizer que se trata de "Ele"? Será que podemos dizer se tratar de qualquer coisa que nossas mentes humanas possam conceber? Para a maioria das religiões, há definições confortáveis de Deus, ou ao menos adjetivações confortáveis: "Deus é amor", "Deus é justo", "Deus é o bem", etc. O problema é que "amor", "justo" e "bem" são definições humanas. Na verdade o próprio "é", que considera Deus como necessariamente sendo alguma coisa, é mais uma convenção humana. E então? Como defini-lo? Não sei (eu disse que não traria todas as respostas). Não me lembro exatamente o texto, mas já vi a definição de Deus como o intangível inexplicável e o infinito incomensurável. Tanto "intangível", como "inexplicável", como " infinito", como "incomensurável" são definições humanas. "Deus", de certa forma, também é um conceito humano. Onisciente, onipresente e onipotente. Não tem definição mais problemática do que essa. A boa e velha história da pedra tão pesada que Ele não poderia levantar. Eis minha sugestão: não vamos definir Deus. Ao menos não por enquanto.

A que serve ao homem, valer-se de Deus? Provavelmente se equivocará aquele que disser algo além de "abrigo, proteção, paz interior, sentido da vida" e todos os adjetivos atribuídos a Deus pelo homem que, por alguma lógica incerta, ao se aplicaram a Ele também se aplicam aos que acreditam Nele. É algo mesquinho que seres humanos fracos criaram para momentos de apoio, bengalas psicológicas para sustentar-nos por não sermos fortes o suficiente. Mas será que é isso? Será que é simplesmente nosso egoísmo e nossa necessidade de nos sentirmos seguros, de buscar ajuda, que nos faz crer em algo... (definição)? Estou inclinado a rejeitar essa posição. Por que? Bem, porque eu diria que Deus faz com que o homem busque a força, mas não que isso seja demonstrar fraqueza. Que força? A força necessária para acordarmos todos os dias e encararmos o mundo, a força necessária para agirmos contra aquilo que nos fere, a força necessária para levantarmos, após termos caído novamente. Um cético diria: "isso se chama perseverança, força de vontade, foco, etc." De fato. E o que o faz ter perseverança? O que o faz nunca desistir? O que o faz se manter em foco? O que o faz, e agora vem a palavra que eu tanto tento controlar-me ao dizer, o que o faz ter fé?

Fé; definição (uma apropriada ao contexto): adesão absoluta a aquilo que se considera verdadeiro. Adesão absoluta. Verdadeiro. Palavras extremamente dogmáticas. Mas é nesse ponto que reside o poder da fé. Para alguns é a maior arma que pessoas vis podem usar contra os tolos. Para outros é a maior arma que pessoas sábias podem usar contra as vis. Deus vem da fé. Única e exclusivamente. A fé é incondicional. A fé não tem limites, barreiras nem bloqueios. A fé pode enfrentar obstáculos, mas ao sobrepujá-los ela se torna mais forte. "Um monte de palavras bonitas" alguém dirá, "mas é tolice acreditar que não possuímos limites, é tolice apegar-se incondicionalmente a algo, é tolice submeter-se ao incomprovável e improvável". Talvez. Vamos explorar mais.

Eu posso dizer duas coisas: tolice é seguir dogmas, mas não o é tentar ser ilimitado. Pode parecer contraditório (e talvez o seja), já que a fé se baseia na crença em algo sem provas e sem um raciocínio lógico capaz de estrutar o raciocínio daquele de quem tem fé racionalmente, e isso, penso eu, seria um dogma. Mas os dogmas a que me refiro, são os dogmas que tangem o ponto fora de nossas crenças. Os dogmas que tentam explicar o mundo natural. Criacionismo não existe. Moisés não abriu o Mar Vermelho. Jesus não caminhou sobre a água. Não há céu. Não há inferno. Não se pode saber o que há. Esses dogmas, essas aceitações incondicionais de impossibilidades lógicas, eu repudio. Agora, vamos ver o outro lado da moeda. Seu time de futebol está perdendo de 2 x 0, na final do mundial. 30 minutos do segundo tempo. O outro time é tecnicamente superior. Os jogadores do seu time estão jogando a toalha. Mas alguém grita: "não desistam! Não vamos nos subverter sem lutar!". Isso é fé. De onde veio essa força? Muitos já teriam desistido, mas aquele jogador acredita em Deus, acredita que Ele pode lhe dar forças (e aqui vejamos bem, não quero dizer que quem não crê em Deus não possa ser perseverante, ou lutador, ou focado). Deus deu força interior, Deus fez com que ele lutasse. O resultado do jogo? Não importa. Importa o que ele tentou fazer para mudá-lo. Ele terá que dar mais que o seu melhor, e ele acredita nisso.

Vendo por esse aspecto, vou perguntar a todos que estão lendo isto aqui: importa agora se Deus existe ou não? Importa agora se há uma (apenas para ilustrar, usarei uma das definições) força superior "intangível inexplicável infinita incomensurável"? Permita-me dizer: NÃO. A força que ele buscava, veio mesmo assim. E muitos vão perguntar: e por que manter Deus então? Se ele equivale a força de vontade e perseverança, para que utilizá-lo? Primeiro: porque as pessoas tem muitas formas de se atingir um objetivo. Deus é uma delas. Vou lhes dizer outra coisa: Deus, é um dos modos de se ter fé, mas não é o único. Aqueles que creem que conseguirão atingir tal objetivo, estão crendo. Nada mais. Podem ter convicção, força de vontade, ou qualquer outra coisa, mas no fim você está aderindo absolutamente a aquilo que considera verdadeiro. Neste caso o verdadeiro é "eu posso vencer". Neste caso, você está tendo fé. Segundo, responderei com uma pergunta: por que não manter Deus? Por que eliminar a força de muitas pessoas? "Elas irão melhorar sem bengala psicológica". Não é bengala. É modo de obter força. Como alguém pode dizer o que é melhor para outro alguém nesse sentido? Como alguém pode lhe dizer como lutar? Como perserverar?

Deus; definição: meio de se atingir a força. Colocação final: independente de crer em Deus ou não, quem segue a razão pura e simples, estará limitado. Ao buscar perserverar, mesmo sem crer em Deus, você tem fé. Ao ter fé, você é ilimitado. Sei que não vou sanar os problemas com isso. Mas esse não é meu objetivo. Estou colocando um ponto, agora espero que reflitam.

P.S.: espero que tenham visto que não mencionei "religião". Deixei essa para uma próxima.

Nenhum comentário:

Postar um comentário