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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Argumentar

Longe de mim, mero mortal, querer ensinar a arte da argumentação para alguém. Eu que mal posso ser considerado um iniciado, com minhas noções esparsas de lógica, e mais esparsas ainda dos problemas a ela relacionados. Mas vejo que se faz necessário, ao longo da vida humana, desenvolver, ainda que instintivamente, uma capacidade razoável de argumentação, para que se possa caminhar em frente. Então não posso evitar fazer um comentário, ainda que breve, ainda que limitado, no meu blog.

Quais são as armas que usamos para nos defender de atentados a nossa saúde física? Existem das mais variadas natureza, desde físicas: nossos punhos, armas brancas, armas de fogo, etc. Até armas psicológicas: nossa influência, nosso respeito, nossa temerosidade, etc. Mas e quando sofremos um atentado a nossa saúde mental? Isto é, quando alguém tenta destruir nossas convicções, nossas certezas, por meio de palavras? Nossa defesa então, será a retórica.

A retórica consiste na capacidade de persuadir o seu interlocutor de que aquilo que você fala é certo. Simples assim? Nem tanto. A retórica tem muitos veículos de transmissão: a oratória, muito comum, a escrita, a música, a propaganda, etc. A beleza da retórica, é que ela depende exclusivamente do raciocínio do emissor, podendo ele estar certo ou errado, mas se conseguir apresentar uma boa retórica a ponto de persuadir seus interlocutores, para todos efeitos, ele estará certo.

E por que nos defender? Bem, um homem que não é capaz de defender aquilo que propõe, não pode ser levado a sério, pois todos o tomarão como um tolo que apenas diz o que diz da boca pra fora. Não terá voz ativa. Se tornará uma ovelha em um rebanho guiado por um pastor, mas este pastor pode muitas vezes se revelar o lobo, e o rebanho, incapaz de se defender, irá sucumbir. Metáforas a parte, defender seu ponto de vista é essencial para crescer como um ser humano, não somente para poder persuadir os outros, mas para evitar ser persuadido quando alguém tentar desbaratar sua colocação. É uma questão tanto de ataque, quanto de defesa.

E então, como bem argumentar? Utilizando-se da retórica com lógica. Apesar de que com somente a retórica você pode, através de falácias (argumentos logicamente inconsistentes, que passam despercebidos seja por sua elaboração ou natureza) convencer seu receptor, alguém suficientemente capacitado perceberá onde está seu erro, ou sua contradição, e o destruirá. Utilizando-se da boa lógica, do modo correto de pensar, você pode chegar até onde está o mais próximo da verdade e, argumentando (isto é, valendo-se da retórica, embora hoje esses termos tenham significados diferentes) você conseguirá convencer quem quer que seja, e também conseguirá defender-se. Para isso você deve fazer um exercício de lógica contra si mesmo. Deve rebater seus próprios argumentos pra ver até onde eles podem ser defendidos, e deve ser capaz de, por meio disso, chegar a uma conclusão eloquente e satisfatória mediante esse processo, a qual você poderá defender.

Um dos grandes problemas de se argumentar atualmente é falar sobre um assunto o qual não se tem muito conhecimento (como eu estou fazendo nesse post, mas espero que tenham entendido minha necessidade). Se você argumenta sobre o que pouco sabe, pouco poderá desenvolver seu raciocínio, pois o menor fato que lhe escapar, o menor desenvolvimento intelectual contrário a aquilo que se fala, será motivo para que você possa ser rechaçado por aqueles que dominam o assunto. Um outro problema é o uso de falácias (citada acima) que poucas pessoas são capacitadas para perceber. Quanto a isso eu pouco posso ajudar, mas sugiro sempre um estudo aprofundado das falácias e seus tipo para que se possa facilitar seu reconhecimento.

Uma vez que tudo isto esteja feito, discuta. Debata, argumente, proteja suas convicções e mostre aos outros como você o faz e como isso faz sentido. O homem poderá viver dois tipos de vida (e aqui não estou usando da falácia da falsa dicotomia): uma vida de ovelha, sem opinião fundada, somente seguindo o que os outros lhe dizem, ou uma vida de pastor, capaz de guiar pessoas através de suas convicções sólidas e bem fundamentadas (o lobo, na primeira metáfora, seria o "pastor do mal"... Bom, nem sempre as metáforas saem como desejado). E você leitor? O que vai ser? A ovelha, ou o pastor?

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