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quinta-feira, 11 de março de 2010

Falar corretamente

Uma arte esquecida. As pessoas hoje tem o terrível hábito de atropelar as palavras enquanto falam, esquecem-se de respirar. A única preocupação vigente é passar o maior número de informações no menor tempo possível. Eu mesmo já cai nessa desgraça inúmeras vezes, e até hoje me policio para não acelerar a fala. Mas isso não é culpa nossa.

Com o advento da internet, do mundo virtual, e do slogan da tim ("você, sem fronteiras"), a informação tem sido priorizada em detrimento de como ela deve ser passada. Recebemos centenas de mensagens, e-mails, comunicados, informes, avisos. Dia-a-dia, esse grande número de notícias nos afoga e nos estressa. Mas tem mais: a vida urbana também tem sua parte de culpa nessa história. Ela nos acelera, nos torna mais rápidos, apressados, ansiosos, desesperados. Acabamos fazendo tudo (tudo mesmo!) com pressa. Nós não recordamos mais o que é caminhar vagarosamente, ou parar e admirar a paisagem a sua volta. Nós simplesmente corremos. Eis que entra a fala.

Deveria ser de absoluto conhecimento humano, que o mais importante não é O QUE se diz, mas COMO se diz. A transmissão da informação é mais importante do que a informação em si. Por isso ao observar alguém contando uma história sem pausar, sem alterar a voz entre as personagens e sem nem mesmo mudar a entonação da fala, eu me sinto mal. Não mal pela história, mas pela maneira como ela foi contada. Mais uma vez, me remetendo ao post "piada", eu mencionei que toda piada tem seu "timing". Pois bem, até isso está sendo trespassado.

Conversar com calma, até mesmo para organizar os pensamentos, para manter um clima de interesse no que se diz, é de suma importância para um bom entendimento e aproveitamento do que se conta. Como podemos nos comunicar aos atropelos? Contando um "causo" o mais rápido possível para ver a reação das pessoas e logo em seguida contar outros? Isso é denegrir a arte mais antiga da Terra - a comunicação.

Leitor, não se deixe levar pelos hábitos virtuais-urbanos. Fale, mas devagar. Utilize as pausas, a entonação, a r-e-s-p-i-r-a-ç-ã-o para falar. Transmita sua mensagem de maneira que ela atinja seu interlocutor da maneira mais profunda possível, mesmo que seja algo trivial. Quanto mais impactante o modo com que se fala, mais importância se dá a aquilo que foi dito e a quem o disse. E, mais do que isso, saiba quando ficar calado (mas eu falo sobre isso depois, por ora, vou me calar).

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