"Calmaria. O Capitão pirata Frage O. Sea mantém seu único olho funcional fixo no horizonte. Há dias que o seu navio 'Desbravador Audaz' está imóvel devido a falta de vento. Nem um sopro se faz notar ao longo da imensidão azul que o contorna. Ele já teve de conter dois motins, um liderado por um cão do mar que ele só havia contratado por necessidade de mão-de-obra, e outro liderado por um a quem ele considerava ser o melhor entre seus homens, mas que aparentemente ambicionava muito a posição de capitão. Agora ambos repousavam no fundo do oceano enquanto ele tragava profundamente seu cachimbo de espuma-do-mar e passava a mão de tez bronzeada por seu tapa-olho.
De súbito um vento leve começa a soprar. O capitão pôde sentir seu chapéu desprendendo-se de sua cabeça enquanto uma ventania inesperada atinge o navio a estibordo. Frage O. Sea começa a bradar ordens de içar as velas enquanto toma posse do timão para controlar o posicionamento do navio. Estava salvo. Ou era isso que imaginava. O vento carregava seu navio para uma região pontilhada de pedregulhos e bancos de areia e, como se isso não bastasse, recoberta por uma densa névoa que dificultava a visualização dos perigos. Se seu navio chocar-se contra uma rocha sequer será seu fim. Mas, segundo seu mapa, para evitar tal região ele terá que forçar o navio para o Abismo da Tormenta, uma zona de confluência de inúmeras correntes marítimas e de bestas colossais que tornam o mar extremamente revolto e traiçoeiro. Esta é sua última tacada."
Então, agora você é o experiente Capitão pirata Frage O. Sea com a sua tripulação, e tem que se decidir entre passar por uma terrível zona de naufrágio com seus mantimentos próximos do fim, ou encarar o local em que nenhum outro homem do mar ousaria visitar: o Abismo da Tormenta, a região mais perigosa e envolta de histórias lendárias já conhecida por qualquer pirata. Isso é o RPG.
O RPG tem como principal e única função o entreterimento. E para tanto os jogadores de RPG entram em um mundo imaginário e interpretam personagens diversos. Mas isso tudo você já sabia. O que você não sabe ainda é o porquê de isso ser tão divertido.
Esse exemplo do Capitão pirata é apenas um, dentre inúmeros que eu poderia colocar, sobre o que alguém pode ser em um RPG. A graça de jogar RPG é a fuga da realidade que ele proporciona, e a chance possivelmente única de você ser quem você quiser. Você já viu filmes e histórias com heróis espacias, cavaleiros medievais, policiais durões, detetives perspicazes, guerreiros samurais, artistas marciais, lutadores ninjas, etc. mas, em algum momento, deve ter pensado "se eu fosse esse cara, teria feito diferente". Bem, essa é sua chance.
Mas não é só isso. Esse exemplo do O. Sea seria para um RPG individual. Mas o RPG é, 99.99% das vezes jogado em grupo, e portanto você poderia interagir com seus amigos (sendo que através do seu personagen) e com isso viver algumas aventuras que você teria apenas imaginado como seria bom se acontecessem. Qualquer lugar, qualquer época, qualquer personagem. E tudo isso porque o RPG é movido única e exclusivamente por imaginação, e essa poderosa capacidade humana pode lhe trazer inúmeros benefícios que você possivelmente não percebe (sendo o RPG apenas um deles).
Em suma, o RPG abre as portas da mente e lhe proporciona sensações e aventuras que você só poderia ter através da imaginação e da interação coletiva. Não é algo do demônio ou com finalidades nefastas (ô palavrinha maneira essa), mas algo em que você desenvolve não só a criatividade, mas noções básicas de como trabalhar em grupo, como tomar decisões corretas, como falar em público (você estará interepretando seu personagem para todos verem), como entender o ponto de vista do outro e expurgar seus preconceitos (você verá que há muitas pessoas diferentes, mesmo no seu mundo imaginário), e muito mais. E, mesmo que tenha as partes mais sinistras, elas servem exatamente para lhe conscientizar sobre o que há de mal não só naquele mundo, mas também no mundo real, e lhe atenta para sempre evitar isso aqui e tentar ser uma pessoa cada vez melhor.
Palavra de mestre de RPG: você se torna não só uma pessoa, mas um cidadão melhor ao jogar RPG. O mundo precisa da fantasia, pois ela é um dos fatores que cria as pontes mais sólidas entre nossas atitudes aqui na realidade e nossas concepções do que acreditamos ou não, do que seria o "certo" ou "errado" para nós (e também no ajuda a compreender isso).
E agora que você sabe o que há de maneiro no RPG, que tal experimentar? Mas calma, se ainda não está convencido ou não sabe bem como fazer, meu próximo post será norteador. Vou lhe dar noções de como interpretar seu personagem. Aguardem-me.
rpg sucks, e eu nem li! [/fdp]
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