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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O chamado do nômade

O ser humano sofreu uma grande revolução datada lá pela pré-história, quando nós abandonamos nosso estilo de vida nômade e aprendemos a cultivar plantas, nos tornando sedentários (foi um primeiro passo para a criação das sociedades atuais). Por esse motivo, é bem comum vermos aquelas pessoas que são apegadas a sua terra, como seu bem mais precioso e indispensável. Por esse motivo também, é notável que sentimos muitas vezes uma relutância em nos mudarmos, indo em busca de novas perspectivas.

É bem difícil deixar um lugar ainda por outro motivo: hábito. Nós estamos habituados a nossos amigos (não que isso seja ruim, gosto dos meus), aos lugares que costumamos ir, ao nosso colégio/faculdade/trabalho, a nossa rotina, nosso estilo de vida, etc. Acabamos nos contentando com um passeiozinho no fim de semana, ou uma viagem no fim do ano para não nos desabituarmos. Mas, vez ou outra, lá no âmago do nosso ser sentimos algo reincidir: nosso espírito nômade, de nossos ancestrais, implorando por ir em busca de novos ares, novos lugares, novos mundos. E, quando esse espírito chama, seu chamado é quase irrecusável. E sabemos que temos que partir.

Há pessoas que passam a vida inteira no mesmo lugar sem nunca sentir esse chamado. Há aquelas que o sentem, mas, contrariando todas as expectativas, o ignora. No entanto, há aquelas que o seguem e, por essa razão, e somente por essa razão, elas partem. A essas o chamado do nômade as conquistou. Muitas personalidades famosas eu arriscaria dizer que sentiram esse chamado: Vasco da Gama, Américo Vespúcio, Marco Polo, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, enfim, todos esses que sabiam que o mundo tinha muito mais para lhes dar do que só aquilo que eles viam.

Claro, isso não quer dizer que a partida se torne fácil. Continua sendo extremamente difícil abandonar o lugar em que se está. Os amigos, os familiares, os locais, as aventuras... Mas partimos. Quebramos corações, destruimos esperanças, perdemos contatos... Mas partimos. Sofremos de solidão, de saudade, de medo... Mas partimos. E, se é algo tão ruim, por que nós insistimos em fazer? Porque, meus amigos, como os antigos nômades já sabiam, quando a terra empobrece e não tem mais nada a oferecer, nós sabemos que devemos ir, por mais doloroso que isso seja.

E, é em busca desse mal necessário que nos mudamos, e procuramos novos amigos, novos lugares, novas aventuras, novos hábitos... Afinal, por pior que seja no início, acaba sempre valendo a pena.

P.S.: Um abraço a todos os meus amigos de Natal, eu segui o chamado, mas não esquecerei de vocês.

Um comentário:

  1. Apesar de ter um apreço por todos aqui em Natal, entendo completamente seu chamado e sei que, quando chegar a hora, ouvirei meu chamado de volta a POA também! Sei que é difícil, mas espero que continue comigo e com todos seus amigos daqui na lembrança e na vivência, nem que seja distante.
    Se me esquecer tá ferradao! 8)

    É sério.

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