Hoje começo algo que prometi a mim mesmo que começaria: uma série que promete apresentar e defender algo que ainda hoje é muito malvisto e deturpado pela mídia e por pessoas de má-fé: O RPG. Nesse post esclarecerei o que é RPG, nos demais... Bem, vocês verão.
Vamos às apresentações. RPG significa Role Playing Game, traduzinho tortamente: jogo de interpretação de papéis, ou de personagens. Extremamente comum no mundo virtual de hoje: World of Warcraft, Mu, Ragnarok, Tíbia, etc. Ele nasceu bem antes disso. Surgiu em 1974, criado por Gary Gygax e Dave Arneson e seu nome era Dungeons&Dragons (masmorras e dragões, que por sinal tem 2 filmes com esse nome). O jogo se resume ao seguinte: temos um mestre do jogo, que também é um jogador, e os outros jogadores que interpretam os papéis de seus personagens.
A diferença básica entre o mestre e os outros jogadores é que o mestre é quem controla toda a dinâmica do jogo - o que acontece, como acontece, quando acontece. Também controla todos os outros personagens que não sejam os dos jogadores, chamados de NPCs (Non-Players Characteres - personagens não-jogadores), suas falas, suas ações, suas emoções. Em termos resumidos: o mestre seria como um console de videogame ou o software do jogo, ele controla tudo que não seja você.
Os jogadores, por suas vez, comando seus PCs (player characteres - personagens dos jogadores). No mundo do RPG, você não é mais você. Você é o seu personagem. Você controla as ações dele, as emoções, as gírias, as manias, o jeito de andar, o jeito de falar, enfim, tudo que você controla em si mesmo, e até um pouco mais, porque você quem escolhe a aparência física dele.
"Ah, então é muito mais legal ser o mestre, ele controla tudo". Calma, não é bem assim, leitor com síndrome de conquistador mundial. O mestre é, de longe, o jogador que tem mais trabalho. Por que? Primeiro porque ele tem que conhecer todas as regras do jogo (sim, como todo jogo, o RPG possuí regras, mais a frente esclarecerei quais são). Segundo, o mestre não joga pra ganhar, na verdade, ninguém joga pra ganhar. A finalidade do RPG é tão somente a diversão, não há ganhadores ou perdedores. Além disso, o mestre é responsável por preparar as seções de jogo. O que seria isso? O mestre tem o trabalho de preparar o cenário de aventura, os NPCs, as missões, tudo o que você possa imaginar. Além de que ele tem que atuar como juiz e mediador entre os personagens, julgando suas ações não só como sensatas no mundo do jogo, mas também no mundo real. Exemplo: se um jogador tenta matar outro no jogo, o mestre não só pode, como deve avaliar a situação e julgar se há um bom motivo para isso ou se é simplesmente pirraça, desse modo ele pode evitar um confronto não só entre os personagens, mas entre os próprios jogadores que podem (e provavelmente irão) acabar discutindo mais tarde por isso.
"Calma lá, calma lá, tá muito confuso. Esse troço aí não tem um tabuleiro ou um manual de regras básicas não?". Bem, o RPG funciona assim: o mestre descreve um cenário, os jogadores imaginam o cenário e começam a "atuar" por meio de seus personagens nele. Esse cenário é chamado de "arena" e ela pode ser totalmente inventada pelo mestre, ou ele pode usar uma já existente. A arena pode ser a Terra-média de Senhor dos Anéis, o universo futurístico de Star Wars, a cidade de São Paulo, ou de Nova York, pode ser o mundo de Tormenta (arena criada exatamente para fins "rpgísticos"), o mundo de Dungeons&Dragons, ou o mundo inventado de Tonga da mironga. Enfim, pode ser qualquer lugar que a imaginação permita.
As regras? Bem, assim como existem infinitas arenas, existem infinitos sistemas de regras. O mestre costuma escolher o que acha ideal. D&D, Gurps, Daemon, 3D&T e Primeira Aventura são alguns exemplos de sistemas de RPGs que contém suas regras próprias. E praticamente todos esses sistemas utilizam aqueles dados de 6 lados e outros mais estranhos que você provavelmente só ouviu falar: dados de 4 lados, de 8, de 12, de 20, etc. Mas isso não quer dizer que o mestre não possa inventar as regras dele, ou modificar as que já existem.
"Já percebi que nesse tal RPG o mestre é o cara". Não é bem assim, o mestre decide o sistema de regras, a arena, e tudo que seja pertinente ao mundo. Mas aos jogadores, e somente a eles, cabe a tarefa de interpretar seus personagens. O que é extremamente divertido. Mas isso eu só direi porquê no meu próximo post sobre esse assunto. Me aguardem.
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