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domingo, 27 de dezembro de 2009

Banalização musical

Nunca é fácil falar sobre opiniões. É tão simples alguém dizer "eu tenho a minha e você tem que respeitar", como se esse fosse o instrumento máximo de defesa e argumentação necessário. Se esconder atrás da premissa "gosto não se discute" e utilizar como pretexto que o que um acha ruim, outro acha ótimo. Pois é, acontece que não é bem assim.

A música brasileira vem sofrendo um sério processo de banalização. Os culpados? Infelizmente, somos nós, os jovens. Hoje é normal encarar letras de música com um conteúdo quase erótico (quando não o é) explícito. E não só ao erotismo eu me refiro, mas também a apologias a violência, ao uso de drogas (aqui se inclui todo tipo: álcool, cigarro, maconha, cocaína, anabolizantes, etc.) e a irrelevância do amor. Triste.

Nosso país que já teve um passado musical respeitável, muito inspirado nos ritmos americanos, mas sempre com seu toque pessoal, ter que cair a esse ponto. O Brasil foi o berço do samba, dos sucessos da MPB, do rock nacional, do funk, do forró pé-de-serra e mesmo, ainda mais recentemente, dos raps, com Marcelo D2 e Gabriel, o Pensador. Quem hoje ouve o forró nem deve imaginar que "Rindo à toa", de Fala Mansa, faz parte do mesmo gênero musical. Ou que Claudinho e Bochecha cantavam funk.

Os gêneros que não se modificaram, sofreram o processo de depreciação pela cultura jovem: MPB é "coisa de velho", samba "não é música" e rock brasileiro "não é rock". Como se, em uma tentiva desesperada de negar nossa própria identidade, nós tenhamos que absorver apenas o que é internacional ou destruir o que é nacional, transformando-o em algo chulo, medíocre, desprezível. Como são as músicas que hoje fazem sucesso nas rádios. Sem letra, sem melodia, sem nada. O mesmo nada que, com todo o respeito, deve preencher as cabeças das pessoas que consideram as músicas de hoje em dia músicas de qualidade.

Onde estão Raul Seixas, Cazuza, Tim Maia, Claudinho, os Mamonas, Leandro se não se revirando em seus túmulos tendo que ver a que extremo alcançamos? Não importa o amor, "é que na balada, quem pegar pegou", "é que na balada o que eu quero é pegar". E ainda hoje nossas lendas vivas são pouco reverenciadas: Caetano Veloso, Roberto Carlos, Emílio Santiago, Fábio Jr., etc. Desvalorizados pelos jovens que, ao buscar sua própria identidade, mediocrizaram uma das artes mais belas que o homem já criou: a arte da música.

Talvez esse apelo em meu blog seja em vão, mas eu imploro mesmo assim: voltemos a valorizar o que é nosso, e esqueçamos esses ritmos fúteis e ofensivos que só vieram nublar o verdadeiro potencial da música brasileira. Escutemos o rock nacional, muito bem representado por Jota Quest, Skank, Capital Inicial, etc. Escutemos o samba e o pagode, o MPB, o forró pé-de-serra, o funk dos anos 90, o rap crítico, ou simplesmente o bem elaborado. Vamos ouvir música! Vamos ouvi-la antes que esqueçamos o que ela significa.

2 comentários:

  1. Eu só acho que viver nessa cidade onde prevalesce a cultura desse forró super lindo foi essencial para a sua escolha de tema XD

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  2. Concordo em partes. Acho ridículo também o menosprezo pela música brasileira, conheço vários que dizem "não escuto música nacional", nem escuta, descarta só por ser nacional. Mas acho relativo, porque mesmos endo eclético do jeito que sou, eu não gosto de bossa nova, nem samba, nem forró pé de serra, mas não desprezo a cultura brasileira no geral.

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